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BeefExpo: rentabilidade do confinamento será de 10% em 2016

Especialistas discutem o mercado da cadeia pecuária no primeiro dia da BeefExpo, em São Paulo (SP)

Fonte: Embrapa

A rentabilidade da atividade de confinamento este ano será reduzida e deve ficar em 10%, ante 13% alcançado no ano passado, afirmou o professor Sergio De Zen, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), durante o painel de economia e mercado que é realizado nesta terça, dia 14, na BeefExpo, em São Paulo (SP). 

Um dos motivos da queda é o aumento dos custos de produção, liderado pela alta do preço doméstico do milho, principal insumo usado na atividade. 

Ele ressaltou que falta investimento na pecuária brasileira, principalmente em pastagens. “Precisamos ser rentáveis e, para isso, precisa haver investimento. A pecuária tem recebido muito pouco investimento em pastagem e em variedades de pastagem”, disse o professor. 

Para ele, a pecuária brasileira foi, por muito tempo, competitiva pelo baixo custo da terra, mas, hoje em dia, esse modelo mudou e, por isso, é preciso repensar nos sistemas de gerenciamento. “Se a carne brasileira é competitiva ainda assim, imagina se fizéssemos bem feito”, afirmou. 

Censo

Sergio De Zen cobrou ainda a realização do censo agropecuário. O levantamento seria realizado no próximo ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas foi adiado após corte do orçamento da instituição. “Eu espero que o governo Temer faça um novo censo agropecuário porque é um setor extremamente importante e que demanda esta informação”, disse ele, ressaltado que não há “como saber o que acontece se não tivermos dados.”

último censo da agropecuária aconteceu em 2006. A falta de atualização gera dúvidas no setor, principalmente na pecuária, onde há divergências sobre dados básicos como o tamanho do rebanho do País – estimativas variam de 180 a 205 milhões de cabeças. “Me frustro um pouco com as entidades de classe que deveriam exercer uma pressão maior por este censo”, disse De Zen.

Ele trabalha com um número de rebanho bovino que varia de 180 milhões a 200 milhões de cabeças. “Temos uma amostragem razoável que nos permite traçar evolução de rebanho, tipificação e estrutura”, argumenta. Já a consultoria Agrifatto estima rebanho de 205 milhões de cabeças em 2016, com um cálculo que mescla indicadores zootécnicos, coleta de dados feitas pelo Rally da Pecuária, promovido pela Agroconsult, e a base no censo do IBGE de 2006.

Prestes a inaugurar a maior fábrica de vacinas contra a febre aftosa da América Latina, a Merial Saúde Animal também reclama da falta de dados oficiais. “Trabalhamos com um rebanho de 200 milhões de cabeças, traçado com base no IBGE de 2006 e atualizações encomendadas a consultorias”, contou ao Broadcast Agro, o diretor de operações de negócios de grandes animais da Merial, Pedro Bacco. O levantamento da Merial, segundo ele, exclui o rebanho de Santa Catarina, único Estado brasileiro livre de aftosa sem vacinação.

Apesar da falta de dados oficiais, o professor do Cepea, Sérgio de Zen, afirma que é notório que o rebanho brasileiro está evoluindo em eficiência e não em tamanho, com o aumento do peso da carcaça e a mais produtividade de fêmeas, por exemplo. “Há dez anos a média era de 40 bezerros por vaca, hoje é de 60, o que te faz demandar menos fêmeas”, afirmou. 

China

As compras chinesas de carne bovina brasileira não reduziram as importações do produto por Hong Kong, afirmou o analista do setor do Rabobank no Brasil, Adolfo Fontes. Ele também participa do primeiro dia da BeefExpo.

A habilitação de unidades brasileiras para exportar à China neste ano levou a um boom de vendas para o país asiático e, em menos de um ano de reabertura do mercado, a China já é nosso segundo maior comprador no ano. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec), em maio, Hong Kong continua na liderança dos países ou regiões que mais importaram carne bovina brasileira, seguido pela China. 

Para Hong Kong, em maio foram embarcadas no período 28 mil toneladas de carne com faturamento de US$ 96 milhões. Já para a China foram 20 mil toneladas (30% mais que abril), com receita de US$ 84 milhões (aumento de 32% em relação ao mês anterior).

“É bom ressaltar que Hong Kong não diminuiu nada as compras de carne do Brasil porque se fala que poderia haver uma substituição”, disse. Antes da reabertura chinesa, muitos embarques de carne bovina brasileira acabavam entrando no país asiático pela zona de livre comércio de Hong Kong e havia uma percepção de que isso poderia diminuir. 

Sobre os novos players, Fontes destacou a Arábia Saudita que já importou 11 mil toneladas no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano. No ano passado não havia frigorífico habilitado a exportar para o país do Oriente Médio. Ele disse, ainda, que o preço da carne brasileira é atualmente o mais competitivo no mercado internacional e que mesmo com um dólar entre R$ 3,40 e R$ 3,50 ainda permanecerá competitivo.  

Em compensação, a qualidade da carne brasileira ainda não é bem vista globalmente. “Qualidade da carne brasileira ainda é considerada abaixo da do Uruguai, Argentina e Austrália”, disse. Para ele, abrir o mercado para os Estados Unidos seria um caminho para mudar isso. Ele também citou que campanhas de marketing poderiam auxiliar na mudança desta imagem que, para ele, não condiz com a realidade.

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