– Tem que ser muito eficiente para ter resultado, tem que ser eficiente na compra do boi, tem que travar preço, tem que ser eficiente para produzir arroba – diz o pecuarista José Eduardo Vilela.
Está está provado que, se for bem conduzido em todas as etapas, o confinamento pode trazer retorno significativo para o pecuarista. É uma das opções para alcançar a eficiência: produzir mais arrobas em menos tempo e espaço.
De um lado há mais demanda por alimento, cada vez maior por causa do crescimento da população mundial. De outro, a redução na oferta de novas áreas para produção e a elevação dos preços das já existentes. Nos últimos dez anos o valor médio do hectare mais do que dobrou no país. Como na seca não há pasto bom o suficiente para engordar o boi, o confinamento surge como uma das alternativas para não perder tempo e, consequentemente, dinheiro.
Mas, para visualizar essa eficiência, é preciso fazer as contas. Engordar um boi para o abate custa hoje, em valores aproximados, R$ 1.450,00. Neste valor estão incluídos três cusstos: o preço do garrote de oito arrobas, que custa cerca de R$ 730; os custos para manter o aninal no pasto até ele atingir 13 arrobas, cerca de R$ 250; mais de R$ 470 do custo do confinamento por 90 dias, considerando uma diária de R$ 5 por cabeça.
Se bem alimentado, esse animal pode ganhar até sete arrobas no confinamento, somando 20 arrobas no fim do ciclo. Com a arroba valendo R$ 98 no dia do abate, esse animal vai valer R$ 1.960,00, ou seja, sobram R$ 510 para o pecuarista.
– No pasto a gente não consegue mais que 52% de aproveitamento, no confinamento eu consigo uns 55% – afirma o pecuarista Orlando Resende.
– A conta passa a fazer sentido quando consideramos que esse animal vai para o abate até um ano mais cedo do que se estivesse apenas no pasto. No período da seca, o boi alimentado somente com capim, pode até perder peso, dependendo da qualidade da pastagem e do manejo. Aumentando o giro de animais na propriedade durante o ano, o pecuarista aumenta a produção de arrobas por hectare.
– No período da seca, que não tem alimento, eu trago o animal para um sistema mais eficiente, é um jeito de medir essa eficiência – diz Juliano Fernandes, coordenador do confinamento experimental da Escola de Veterinária e Zooctecnia da Universidade Federal de Goiás.
Escolher boa genética, criar e recriar bem um bezerro ou saber apartar o boi magro, manejar bem as pastagens, tudo isso vai influenciar no resultado da atividade. Essas regras valem para todos os tamanhos de confinamento.
– Se tiver boa genética, boa sanidade, boa nutrição, uma mão de obra pelo menos um pouco especializada, você consegue ótimos resultados assim como os grandes confinadores – afirma o zootecnista Renner Rodrigues.
Reveja a primeira reportagem da série
• Produtores da região central apostam no confinamento para garantir rentabilidade