A rápida identificação do caso atípico no Pará do mal da vaca louca demonstra a qualidade do serviço sanitário brasileiro e dos estados. Contudo, na avaliação da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) o país precisa rever o acordo de autoembargo das exportações para a China, uma vez que ele não faz a distinção entre a forma atípica e a clássica da doença.
Mato Grosso exportou 47,73 mil toneladas equivalente-carcaça (TEC) em janeiro, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O volume é 15,96% superior ao embarcado em janeiro de 2022 e o maior para o período.
O movimento, como aponta o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) em seu boletim semanal, foi impulsionado pela China, que elevou em 194,64% as importações de carne bovina mato-grossense ante janeiro de 2022. Para o país asiático foram enviadas 27,97 mil TEC.
Presidente da Acrimat, Oswaldo Pereira Ribeiro Júnior afirma que a situação com o autoembargo dos embarques para a China, em decorrência do caso atípico do mal da vaca louca no Pará, é mais uma preocupação entre tantas para a cadeia da pecuária de corte.
“A Acrimat está muito preocupada com o atual momento que a pecuária está passando. Além dos custos crescentes da produção e preços muito baixos na arroba, temos que enfrentar um novo problema que é a famosa vaca louca, que de louca não tem nada. Trata-se apenas de uma forma atípica, devido à idade avançada de um animal, sem um mínimo de risco sanitário para os outros animais ou para a população”, diz o presidente da entidade.
Ribeiro Junior lembra que a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) coloca o Brasil como área de risco “insignificante” para a doença.
Acordo de 2015 entre Brasil e China
Diretor-técnico da Acrimat, Francisco Manzi comenta que no acordo feito entre Brasil e China no ano de 2015 ficou decidido, por uma questão de transparência, que em caso da doença o Ministério da Agricultura e Pecuária se anteciparia e suspenderia as exportações para o país asiático.
“Mas não foi especificado que em caso da vaca louca atípica, que são os únicos casos que tivemos no Brasil, tivesse a mesma consequência”.
Conforme Manzi, a revisão do acordo entre os dois países está sendo discutida. “Nós estamos estudando isso em Brasília, discutindo com autoridades. Vamos levar isso, inclusive, para a agência de importação da China, porque o nosso objetivo é de pacificar esse assunto”.
Ainda segundo Manzi, uma das preocupações com o autoembargo é o tempo ao qual a China pode levar para voltar a comprar carne bovina do Brasil.
Em 2019 os embarques voltaram a ser realizados pouco menos de duas semanas do autoembargo e em 2021 cerca de 100 dias após.
“A China é de longe o nosso maior comprador. Ela compra do Brasil o equivalente a 600 mil bois por mês, o que nos arrisca a dizer que a produção de Mato Grosso, que é o maior produtor do país, não seria suficiente para atender. Se ela demorar a voltar, a nossa carne vem para o mercado interno e isso já reflete não só para os produtores, mas como a cadeia como um todo”.
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