Durante reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária de Mato Grosso (FPA-MT), com participação de lideranças do setor produtivo, o cenário de desafios enfrentados pela pecuária mato-grossense foi um dos assuntos. A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), pediu mudanças na maneira como é calculada a incidência do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) sobre a comercialização de bovinos.
A cobrança é baseada em um percentual do valor da Unidade Padrão Fiscal (UPF). Atualmente, o valor cobrado por cada cabeça é de R$ 53,80, tanto para boi quanto para vaca.
O presidente da Acrimat, Oswaldo Pereira Ribeiro Junior, comentou que a atividade vive um momento difícil, com queda de consumo de carne bovina e desvalorização acentuada dos preços da arroba. No caso do boi gordo, a arroba vale hoje R$ 226,34 enquanto a da vaca é negociada por R$ 203,56.
Ainda segundo a entidade, o estado vive o momento de transição do ciclo pecuário para a “fase de baixa”, quando é observada a maior presença de fêmeas nos abates. Em 2023, o volume de fêmeas abatidas no acumulado de janeiro a abril já é 31,41% maior que o acumulado do mesmo período do ano passado. A participação das fêmeas nos abates foi superior à dos machos pelo 3º mês consecutivo, reflexo também do maior “descarte” de vacas vazias.
A maior oferta de fêmeas aumentou a diferença entre o preço que é pago pelo boi gordo e pela vaca. “Hoje praticamente os frigoríficos não querem abater a vaca. Não tem procura. Então assim, às vezes chega a 20%, 25% de diferença, então impacta muito nos preços”, afirma o presidente da Acrimat, que também explica o pedido de alteração na incidência do Fethab.
“Nós pedimos uma diferenciação, nada mais justo né. Quando o preço é muito alto, às vezes isso pulveriza, mas quando o preço do arroba está muito baixo, esse valor se acentua muito”, pontua.
Prejuízo para quem produz
Na avaliação dos pecuaristas, com a desvalorização da arroba, o impacto do Fethab no bolso de quem produz ficou maior. Especialmente no caso das vacas por apresentarem menor rendimento e serem mais baratas que o boi.
O secretário adjunto de agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Anderson Lombardi, “vê sentido” na demanda dos pecuaristas. Ele comentou que a pasta está finalizando um estudo técnico sobre o caso para ser encaminhado à Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz). “A gente encaminha isso para o governador e após a decisão dele é encaminhado para a assembleia para alteração da lei”, comenta.
O coordenador da FPA-MT e deputado estadual, Dilmar Dal Bosco (União Brasil) disse que a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) já tem se movimentado para atender os pedidos do setor produtivo.
“Nós nos reunimos com o governador Mauro Mendes que tem sensibilidade e entende. Mas ele quer dados. Por isso, pedimos informações para a Sedec e para a Acrimat que passem para nós da FPA-MT para podermos solucionar essa dificuldade”, explica.
Outras demandas
A redução dos impostos para a saída do boi em pé vendido para outros estados, a elaboração de políticas públicas para o aumento de emprego e renda, e o incentivo ao maior consumo de carne bovina dentro do estado também foram demandas que a Acrimat apresentou aos parlamentares.
O deputado estadual Dilmar Dal Bosco (União Brasil), explicou que a preocupação do consumo estava quase inviabilizando os projetos da pecuária e que é preciso trabalhar nessa questão.
“Aumentar a garantia de mais consumo tanto na merenda escolar, como no sistema prisional faz com que haja abastecimento no mercado interno do estado. Assim, você incentiva o pecuarista, o frigorífico e dá mais rentabilidade ao homem no campo”, pontua.
Recuo no confinamento
Neste ano, os pecuaristas de Mato Grosso devem engordar menos animais no cocho. O primeiro levantamento sobre as intenções de confinamento no estado, realizado pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), apontou que o recuo deve ser de quase 32% quando comparado com o ano passado.
Esse cenário de queda ocorre pela desvalorização do boi gordo, a baixa lucratividade e as despesas com os insumos. O estudo mostra que os confinadores do estado, estão cautelosos. Os dados são resultados de uma primeira série de análises realizada durante o ano.
Ao todo, 479, 77 mil cabeças devem ser confinadas em 2023. Esse volume é inferior à primeira projeção divulgada em 2022, que contou com 529.910 cabeças. O equivalente a um recuo de 9,46%.
A redução de 18% no preço dos animais de reposição também foi um ponto de destaque do estudo e reflete na inversão do ciclo pecuário. De acordo com o Imea, muitos confinadores aproveitaram o momento para garantir o rebanho para a terminação.
Neste período do ano, 45% dos animais previstos já foram negociados, diferente do mesmo período do ano anterior onde apenas 17% estavam comprados.
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