A arroba do boi gordo deve continuar firme pelo restante do ano, com piso de R$ 145 e teto de R$ 160, na avaliação de Bento Mineiro, diretor da Fazenda Sant’Anna, de Rancharia (SP). “A inflação está comendo os resultados do pecuarista e o consumo interno diminuiu, mas as exportações devem segurar os preços”, disse, durante a 82ª Expozebu, em Uberaba (MG).
Ele ponderou que a manutenção desse patamar para a arroba deve fazer minguar a margem do produtor. Isso porque a perspectiva de uma safrinha de milho menor provocará alta nos custos com ração feita a partir do cereal. “Em relação a isso, só vai piorar”, afirmou.
Confinamento
O superintendente de Marketing e Comercial da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Juan Lebron, estimou nesta segunda, dia 2, que o confinamento de gado em 2016 deve crescer 2% a 4%.
O incremento, segundo ele, acontecerá entre os pecuaristas que adotam a prática como estratégia para fluxo de caixa. Já entre os que têm no confinamento sua principal atividade, a tendência, acrescentou, é de estabilidade. “Dá para pensar em um aumento geral do confinamento entre 2% e 4%”, estimou Lebron durante a Expozebu.
No fim de março, a Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) evitou fazer projeções, alegando que a disparada dos preços do milho no mercado interno dificultava o cálculo antecipado. Em 2015, cerca de 800 mil cabeças foram engordadas no cocho.
Plano Safra
O dirigente da ABCZ também comentou a divulgação do Plano Safra 2016/2017, marcada para esta quarta, dia 4. Segundo ele, a antecipação do anúncio das diretrizes para a temporada que começa em 1º de julho “desorganiza o fluxo natural dos investimentos em agropecuária”.
Segundo ele, a elaboração do plano demanda tempo e não pode ser apressada, para que todos os detalhes das linhas de crédito e custeio sejam acertados. Lebron confirmou que a ABCZ foi consultada pelo Ministério da Agricultura sobre o plano e deu sugestões. “A ABCZ foi consultada e colaboramos com sugestões macros, como liberação de crédito”, disse. O Plano Safra normalmente é divulgado em junho.
Leite
A previsão de queda na produção de milho safrinha preocupa ainda mais a pecuária leiteira, que hoje já trabalha com margens apertadas de rentabilidade. De acordo com Dilson Cordeiro de Menezes, produtor de leite a partir das raças leiteiras gir e girolando, em Cocalzinho (GO), os custos de produção subiram bem mais do que a cotação do leite. “Hoje quem consegue de 8% a 10% de margem já pode comemorar”, afirmou.
Conforme ele, em dezembro, a saca de milho saía por R$ 21, mas hoje o produto está em R$ 50 a saca. No caso da soja, passou de R$ 900 para R$ 1.300 a tonelada. Os dois cereais são os principais ingredientes na fabricação de ração animal.