Em dezembro de 2019, quando algumas praças pecuárias registraram negócios a R$ 235 por arroba, o pecuarista Francisco Manzi vendeu apenas 20% do rebanho. De lá para cá, o boi gordo se desvalorizou e complicou a vida do produtor. “Precisamos de um valor mais alto para continuar com os nossos investimentos, que são a longo prazo. No início deste ano, tenho abatido animais suficientes para pagar as minhas despesas”, diz.
Manzi acredita que as escalas mais curtas dos frigoríficos faça as referências subirem novamente até o patamar observado no ano passado. Porém, o analista Gustavo Rezende, da consultoria Agrifatto, não aposta nisso. A oferta de carne bovina continua reduzida, mas a demanda também caiu.
Tradicionalmente, o brasileiro consome menos proteína bovina em janeiro. No mercado externo, a procura também recuou e as exportações caíram 21%. “Só China e Hong Kong importaram no fim do ano passado 100 mil toneladas por mês. Em janeiro, foram 117 mil toneladas, incluindo também Rússia, Irã e o resto do mundo. A tendência é que a exportação continue reduzida em fevereiro e março, principalmente por causa do coronavírus”, diz o especialista.
Diante desse cenário, fica mais difícil fazer uma previsão de como será a formação de preços da arroba do boi gordo em 2020. “Ainda há muita divergência nos valores praticados ao produtor. Houve diferença de até R$ 8 por arroba de uma planta para outra. O produtor precisa ficar atento e encontrar o melhor momento para vender”, afirma a diretora-executiva da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Daniel Bueno.
De acordo com o consultor da INTL FCStone Caio Toledo, o produtor não deve ficar estar atento apenas no valor da arroba, mas também ao custo de produção. As contas precisam estar equilibradas para encontrar o melhor momento de vender. “Existirão várias janelas de boas oportunidades para fechar o negócio. Tem que levar em consideração o preço do milho e o mercado futuro para fazer a negociação”, comenta.