O mercado do boi gordo no Brasil passou por uma forte volatilidade nos preços da arroba nos últimos meses. Em março de 2022, a arroba alcançou um recorde histórico de R$ 352, mas, no início de 2023, caiu para aproximadamente R$ 200. Essa queda representou uma diminuição de quase 50%.
No Canal Rural Entrevista desta semana, o CEO da Radar Investimentos, Leandro Bovo, atribuiu essa oscilação de preços a diversos fatores, sendo os dois principais a pandemia de covid-19 e a demanda chinesa por carne bovina.
Segundo Bovo, a pandemia desencadeou uma série de perturbações nas cadeias produtivas globais, afetando os preços relativos de diversos setores, incluindo o agronegócio e a pecuária.
A China, por sua vez, desempenhou um papel fundamental na elevação dos preços da arroba do boi gordo no Brasil.
Devido à peste suína africana que assolou o rebanho suíno, o país asiático procurou compensar a falta da proteína com importações substanciais de carne bovina brasileira.
“Esse apetite voraz do mercado chinês foi um dos principais impulsionadores da alta dos preços, levando a arroba a atingir seu pico histórico”, explica.
Outro fator relevante foi a valorização do dólar, que agiu como um catalisador, impulsionando tanto a exportação quanto os preços internos da carne bovina.
Preço de equilíbrio da arroba do boi
Bovo ressaltou que, embora os R$ 350 por arroba e os R$ 200 por arroba tenham representado extremos no mercado, nenhum desses valores pode ser considerado como um preço de equilíbrio para a pecuária brasileira. Ele estimou que um “preço mais próximo do equilíbrio gira em torno de R$ 250 por arroba”.
Sobre a demanda interna, Bovo mencionou que os preços elevados em 2022 levaram a uma redução do consumo de carne bovina, mas a recente queda de preços incentivou o consumo e contribuiu para a recuperação do mercado.
Para os próximos seis meses, o CEO da Radar Investimentos projetou um cenário mais positivo.
“A produção de bezerros está se tornando mais econômica devido aos preços mais baixos, permitindo que os produtores obtenham melhores resultados no próximo ciclo de engorda”, afirma.
Ele também destacou que a produção de carne bovina no Brasil continua a ser altamente competitiva, especialmente para exportação, com a China permanecendo como um parceiro comercial crucial.
Bovo concluiu que a situação para os produtores deve melhorar nos próximos seis meses, com preços mais favoráveis, custos de produção reduzidos e uma tendência positiva no mercado pecuário.