A alta do preço da arroba, que vem principalmente desde o fim de 2015, impulsionou a procura por touros, segundo o gerente de Pecuária da CFM Agro-Pecuária, Tamires Miranda Neto. “A safra de touros, que geralmente se esgota em março, foi toda vendida em novembro do ano passado”, afirmou, referindo-se aos animais nascidos em 2013. “Normalmente, teríamos entre 200 e 300 touros para vender ainda nesta época. Concluímos as negociações em novembro do ano passado, pois a procura foi bastante aquecida.”
Para ele, a demanda deve continuar forte pelos touros da safra 2014, que começam a ser vendidos em 10 de agosto, no Megaleilão de Touros Nelore CFM, em São José do Rio Preto (SP). O motivador da demanda aquecida continuará a ser a arroba valorizada em São Paulo. “Apesar de ainda estarmos em março e ser um pouco cedo para garantir, esperamos, sim, um aumento (na venda de animais)”, afirmou.
A perspectiva de Miranda Neto é que o preço da arroba continue firme no estado de São Paulo, por causa atual da baixa oferta de animais terminados e das boas condições das pastagens, o que permite a engorda a baixo custo. O gerente prevê que poderá haver uma ligeira queda no preço da arroba em maio, quando a oferta tenderá a aumentar. No entanto, a cotação deve voltar a subir até o fim do ano e chegar aos R$ 163 em outubro.
Miranda Neto baseia suas projeções sobretudo na alta dos preços domésticos dos grãos – o milho já subiu mais de 50% nos últimos seis meses, o que deve elevar os custos de confinamento do mercado em pelo menos 20%. “Para a CFM, ainda não temos o custo (de confinamento) definido, porque dispomos de estoques (de grãos) do ano passado e também plantamos milho”, diz Miranda Neto. “Mas com certeza a alta do milho vai influenciar no preço da arroba engordada este ano.”
Ele pondera, no entanto, que o custo do confinamento pode variar muito de criação para criação. “Depende do nível da ração e das condições em que os animais entram na engorda. Aqui, por exemplo, não precisamos de um ganho de peso tão alto (dada a qualidade dos animais), então, às vezes usamos 40% de cana-de-açúcar no cocho”, diz Miranda Neto, referindo-se a um volumoso mais barato. “Há confinamentos que só podem utilizar no máximo 15% de cana.” O gerente projeta, ainda, uma redução no número de animais confinados este ano. “Além de o preço do grão estar mais alto, o boi magro também está”, disse ele, exemplificando os dois fatores que mais pesam na decisão do pecuarista de investir ou não no confinamento.