O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que em breve pretende ir aos Estados Unidos com uma equipe para tentar reverter a suspensão das exportações de carne in natura para o país. Segundo ele, o Ministério está finalizando um novo modelo de inspeção de carne dos cinco frigoríficos que tiveram resíduos detectados. “Queremos ser mais rigorosos neste assunto”, explicou.
Blairo ainda afirmou que o provável motivos das não conformidades na carne teria sido uma reação aos componentes da vacina da febre aftosa e que, inclusive, vai abrir uma investigação para analisar que tipo de reagente estava sendo utilizado e se de fato a vacina ocasionou os abscessos, como são chamados os redíduos na carne.
“É importante dizer que este é um mercado novo e que nós não estávamos acostumados a vender a parte dianteira do boi, é justamente nessa região a vacina é feita. Estamos atentos ao assunto e já havíamos suspendido voluntariamente as exportações para evitar o cancelamento total, mas infelizmente não conseguimos evitar. “
Ele disse ainda é normal que haja uma pressão muito grande dos pecuaristas de lá para não permitir a entrada do produto brasileiro no país, já que os EUA são os nossos maiores concorrentes do produto.
“Como a nossa pecuária passa por um momento de grande dificuldade, com preços baixos para os produtores, esse é um canal muito importante para a manutenção dos preços no nosso país. Por isso nós vamos ainda nesta semana atuar firmemente e tentar habilitar de novo esse mercado.”, disse Blairo.
Posicionamentos
Em nota a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) afimou que os argumentos utilizados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para justificar o fechamento do mercado não apresentam risco para a saúde dos consumidores norte-americanos e que a decisão pode ser vista como uma medida protecionista de mercado.
O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) disse, também por nota oficial, que o Brasil tem “larga experiência” na fabricação de vacinas contra febre aftosa, já que produz o produto desde a década de 1960.
“A indústria veterinária investe constantemente em pesquisa e desenvolvimento, com o compromisso de colocar no mercado vacinas cada vez mais eficientes, inclusive sem proteínas estruturais, o que permitiu atingirmos o status atual de exportador, com base no reconhecimento de livre da aftosa com vacinação”, disse a entidade.
Sobre as reações provocadas pela vacina, o Sindan disse que elas podem ocorrer por uma série de fatores, “que vão da base oleosa e adjuvantes utilizados até sensibilidade e estresse animal, processo de vacinação em si, com agulhas mal esterilizadas e/ou inadequadas, e aplicação em locais inadequados”.
A Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) lamentou a suspensão e esclarece que as “ações corretivas para adequação dos processos produtivos já estão sendo tomadas”.
Segundo a entidade, essas ações serão apresentadas em missão coordenada pelo Ministério da Agricultura, prevista para as próximas semanas.
O vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Hélio Sirimarco, comentou, em nota, que acredita que a suspensão seja “um problema temporário”.
Ele comentou, ainda, que o problema detectado pelos norte-americanos na carne brasileira, com a presença de abscessos provocados pela vacinação contra febre aftosa, “não é grave”. “É (apenas) uma questão de não-conformidade”, disse.