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Boi gordo: entenda os impactos do coronavírus e veja a tendência de preço!

Na semana que passou, mercado presenciou paralisação dos negócios, preços despencando, anúncio de férias coletivas em frigoríficos e cancelamentos de pedidos da Europa

O mercado do boi gordo sentiu os fortes impactos do avanço do coronavírus no Brasil. Além do preço da arroba ter despencado, os pecuaristas optaram por não realizar novos negócios, o que travou as vendas. Diante da pandemia, alguns frigoríficos já sinalizaram que vão adotar férias coletivas em algumas unidades e clientes da Europa, região mais afetada no momento, já cancelam os pedidos de carne bovina.

Pensando em ajudar o pecuarista a entender todos os impactos da doença no mercado pecuário, o Canal Rural fez um conteúdo especial com análises de consultorias. Confira!

A Radar Investimentos acredita que os preços do boi gordo podem começar a subir novamente na medida que houver uma necessidade maior de reposição de carne bovina, já que parte dos estoques de carne bovina foram comprados pela população, que teme um avanço do surto do coronavírus.

“O que vimos foi uma corrida aos supermercados, açougues, com prateleiras sendo ‘limpas’, isso inclui a carne. Essa mercadoria vai ter que ser reposta e aí nesse momento, a indústria, precisando comprar, vai vir negociando”, explica.

Ele comenta que há grandes possibilidades de alta nos preços a partir desse momento e em patamares de antes do pico da crise, ou seja, em valores próximos da semana passada.

A Scot Consultoria informou que os valores ofertados para arroba do boi gordo entre a sexta-feira, 13, e quarta, 18, caíram R$ 20 em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Pará e Tocantins. Esse cenário foi influenciado principalmente pela incerteza gerada no mercado pelo novo coronavírus.

“A sexta-feira foi o último dia que tivemos volume suficiente para estabelecer os nossos preços”, comenta o presidente da empresa, Alcides Torres. Ele afirma que por conta da diminuição expressiva nos negócios, não foi possível realizar o levantamento.

“Não tem mercado, é quase um circuit breaker no mercado físico”, compara. Circuit breaker é uma ferramenta utilizada no mercado de ações que paralisa as negociações da bolsa de valores quando a queda atinge determinado percentual.

Desde que parte das indústrias frigoríficas optou por se ausentar das compras, na última sexta-feira, 13, devido aos efeitos da pandemia do coronavírus para analisar o mercado, o cenário na reposição também é de incertezas, diz a Scot Consultoria.

Segundo a empresa, as fortes valorizações nas cotações dos bovinos de reposição desde o final de 2019 foram interrompidas na última semana. “A princípio, os preços deverão seguir estáveis, tendo em vista o volume de negócios praticamente inexistente dos últimos dias e, destacando que a maioria das leiloeiras também paralisaram suas atividades”, disse.

A analista de mercado Lygia Pimentel, da Agrifatto, confirmou nesta terça-feira, 17, que a Europa já começou a cancelar alguns pedidos de carne que sairiam do Brasil. O bloco econômico é um dos mais afetados neste momento pelo coronavírus.

“Há pedidos internacionais, principalmente vindos da Europa, sendo cancelados. Isso traz incerteza para os frigoríficos. Tem pedido sendo cancelado, e dentro desse buraco de demanda, a indústria também se recolhe. Certamente isso traz reflexos para os preços”, disse a analista Lygia Pimentel.

O avanço do coronavírus está mudando a rotina de alguns frigoríficos no Brasil. A partir da segunda-feira, 23, a Minerva Foods vai dar férias coletivas para os funcionários das unidades de Janaúba (MG), José Bonifácio (SP), Mirassol D’Oeste (MT) e Paranatinga (MT).

Segundo a empresa, os motivos da paralisação seriam queda na demanda no segmento de food service, como em restaurantes, problemas logísticos em diversas regiões do mundo e a prevenção da propagação da doença no Brasil.

A JBS informou nesta semana que por conta do surto de coronavírus, estuda conceder férias coletivas em algumas unidades de processamento de bovinos no Brasil. Em nota, a empresa afirmou que vem monitorando os reflexos da doença no mercado, mas não específicou em quais unidades a paralisação aconteceria e nem o motivo exato.

O analista da consultoria Safras & Mercado, Fernando Iglesias, avalia queo receio dos frigoríficos está no desaquecimento da demanda interna e externa. Isso porque a Europa está cancelando pedidos de compra de carne brasileira por conta da expansão do coronavírus. “Com isso, eles adotam medidas para reduzir ofertas e manter o preços”.

“Como esperado, o mercado financeiro mundial em pânico acabou influenciando o mercado agropecuário. A Europa está fechada, há um estrangulamento logístico na Europa e na China, e o mercado tem precificado essa situação”, disse.