A arroba do boi gordo voltou a ser negociada acima de R$ 150, e deve continuar subindo nos próximos dias. Analistas de mercado que participam da 9ª Conferência Internacional e Pecuaristas (Interconf) afirmam que é preciso aproveitar as oportunidades do mercado futuro para fechar bons.
Apesar da alta, o mercado do boi gordo ainda é instável. Para o analista Alcides Torres até o fim de outubro o preço da arroba deve subir por conta da redução da oferta de animais terminados para abate, mas em dezembro as cotações podem sofrer novamente pressões de queda.
“Nessas últimas duas semanas houve um descolamento no preço de carne, independente do consumo e da produção, melhorou a margem dos frigoríficos. A expectativa é que isso continue ao longo desses dois meses e se tiver que cair, vai ser em dezembro”, avalia.
Outra boa notícia é que o consumo de alimentos deve voltar a crescer no próximo ano com a queda na inflação. Para a economista Zeina Latif, a pecuária deve ser um dos primeiros setores a sentir esse impacto positivo.
“É um setor que pode ser beneficiado quando o indivíduo decide não comprar um bem durável, pois abre espaço no seu orçamento. Acredito que é uma questão de diminuir um pouco o medo do desemprego que ainda está muito alto, a inflação caindo que é a grande missão do Banco Central está sendo bem sucedido nesta tarefa. Todos esses fatores geram uma expectativa muito positiva para o setor”, diz ela.
Preços em SP
Em São Paulo a arroba do boi gordo voltou a ser comercializada a patamares altos. O analista Gustavo Figueiredo avalia que o aumento no preço do boi casado foi o principal responsável por essa retomada.
“Saímos de um boi casado de R$ 9,20 para R$ 10,40. Com isso, no mínimo, o poder de negociação do frigorífico melhorou em R$ 15 a arroba, é a forma que os frigoríficos vão retomar as margens negativas que estavam tendo. Esse aumento de preço é visto em todo o país, houve redução no diferencial de base de outros estados em relação a São Paulo. Os pequenos frigoríficos que têm maior flexibilidade de aumentar ou reduzir os abates de acordo com suas margens, já estão pagando mais neste momento”, diz.
Figueiredo acredita que o mercado futuro do boi gordo apresenta boas oportunidades de negócio nas próximas semanas. Isso permite aos pecuaristas a recuperação de parte do prejuízo acumulado nos meses anteriores.