A queda nas exportações e o baixo consumo no mercado interno derrubaram os preços do boi gordo em outubro. Para os analistas, os valores devem se manter nesses patamares até a reação das vendas estimulada pelas festas de fim de ano.
Antes disso, foram três meses seguidos de altas nas cotações no estado de São Paulo. A arroba, que chegou a R$ 153 em setembro, terminou o mês passado valendo R$ 145. Para o analista de mercado Michel Torteli, o que ajuda a explicar o resultado dessa variação é que a oferta foi maior que a procura. Em vez de mandar os animais para abate entre maio e agosto, o pecuarista preferiu adiar a data.
“Teve um fator importante: o preço do milho estava muito alto. Se a gente pegasse maio ou junho, havia muita incerteza em relação ao preço do milho. O mercado futuro não tava sinalizando uma perspectiva boa, e o confinador tava indeciso se ia confinar ou não. Então no primeiro giro o alojamento de boi foi baixo. A gente teve um agosto e setembro muito fortes de preço, o mercado começou a reagir. Foi quando começaram a colocar boi”, diz Troteli.
Já o analista André Todaro diz que, pensando em termos de mercado doméstico, o que a gente observa é que o consumo interno da carne bovina se recuperou no ano passado, na esteira da recuperação econômica, que a gente já vinha observando, mas se recuperou de maneira tímida.
“Então as indústrias frigoríficas ainda se posicionam de maneira calma no mercado, controlando suas aquisições, não se posicionando de maneira não muito agressiva nas compras. Para analisar esse comportamento da demanda, para ver se a demanda vai mostrar sinais mais fortes de recuperação, para aí sim entrar procurando com mais pujança a matéria prima”, afirma Todaro.
Quanto às exportações, houve uma queda de 10% em outubro, na comparação com setembro. Foram embarcadas, no mês passado, quase 136 mil toneladas de carne bovina in natura. Agora, em relação a outubro do ano passado, foi registrado um aumento de 14%.
Em receita, o valor também caiu. O dólar comercial, que valia cerca de R$ 4 em setembro, teve queda em outubro. E as exportações foram junto.
“Talvez novembro e dezembro apresentem queda, mas é natural. Não é que ela vai cair porque está faltando importador. Ela cai porque o mercado interno paga mais”, dia Torteli. Na visão dele, 2019 vem com boas perspectivas, principalmente com a China sinalizando que vai abrir mais plantas no Brasil.
A previsão é de que, neste mês, o preço da arroba se mantenha. O mercado só deve começar a mudar em dezembro, quando diminui a quantidade de bois de confinamento, e os animais a pasto ainda não estão prontos para o abate. Assim, o valor deve aumentar. E a procura também vai crescer, com o pagamento do décimo terceiro salário e os feriados. Para cair de novo, só a partir de janeiro.
“Em novembro, a tendência é que perca essa pressão baixista que a gente observou. Os preços podem seguir sustentados, e em dezembro podem começar uma trajetória altista”, afirma Todaro. Para ele, conforme a entrada de animais terminados nas pastagens, os preços de alta vão começar a cair, seguindo a sazonalidade na arroba do boi gordo.