Para o volume, a perspectiva da associação é de que os embarques totalizem 1,7 milhão de toneladas, com alta de 7,6% na comparação com a expectativa de 1,58 milhão de toneladas neste ano.
Segundo Camardelli, a abertura de novos mercados para a carne bovina brasileira deve ser o principal vetor de crescimento para as exportações do setor em 2015. A China está entre os países que devem voltar a importar a proteína brasileira já entre o final de 2014 e o início do próximo ano.
– O Brasil tem a vantagem de ser hoje o único país que pode abastecer qualquer mercado emergente em termos de volume – afirmou ele, durante coletiva de imprensa em São Paulo.
A Austrália é hoje a principal exportadora de carne bovina para a China, com uma participação de 50% nas importações chinesas. O país, no entanto, sofre com uma crise de oferta de animais devido à estiagem, que prejudica os pastos e a engorda dos bois.
Além do mercado chinês, a Abiec conta também com a abertura do mercado norte-americano já no próximo ano.
– Não temos mais qualquer dúvida sobre a abertura do mercado dos Estados Unidos – disse Camardelli.
Segundo ele, o processo de negociação já está bem avançado e os governos dos EUA e do Brasil precisam agora acertar os critérios sanitários.
– Outra vantagem da abertura deste mercado é o trânsito no Nafta. México e Canadá também são importantes mercados consumidores de carnes – explicou.
Para 2015, a associação espera ainda que outros mercados, como Japão, Taiwan e Indonésia, também retirem seus embargos às importações da proteína bovina brasileira.
Rússia
Já o mercado russo, segundo Camardelli, exige cautela das companhias do setor. Em 2014, a Rússia aumentou o número de plantas brasileiras habilitadas a exportar para o país devido às sanções impostas aos Estados Unidos, União Europeia e Austrália.
– O setor tem de estar preparado para uma eventual mudança nessa situação política da crise com a Ucrânia. Hoje, temos 57 plantas autorizadas para exportar, mas não é possível saber como ficará esse número – disse ele.
Além da possibilidade de uma retirada das sanções, o presidente da Abiec destacou ainda a recente desvalorização do rublo, que pode reduzir as exportações do país, principalmente, em receita.
Resultados de 2014
As exportações brasileiras de carne bovina devem encerrar o ano de 2014 com um faturamento de aproximadamente US$ 7,28 bilhões, nas estimativas Abiec. O montante ficou abaixo da previsão inicial, de uma receita total de US$ 8 bilhões neste ano. Ainda assim, o resultado é recorde e representa um crescimento de 8,6% na comparação com os US$ 6,70 bilhões arrecadados em 2013.
Em volume, a expectativa da Abiec é de que as vendas externas de carne bovina em 2014 totalizem 1,58 milhão de toneladas, resultado 4,4% superior à 1,51 milhão de toneladas embarcada no ano passado.
De janeiro a novembro, as exportações da proteína bovina (considerando a carne in natura, miúdos, tripas, industrializados e salgados) somam US$ 6,5 bilhões, valor que já representa um aumento de 8,1% ante o mesmo período do ano passado. Em volume, os embarques até novembro chegam a 1,42 milhão de toneladas, alta de 3,6% na mesma base de comparação. Em 2014, os cinco mercados que mais importaram carne bovina brasileira foram Hong Kong, Rússia, União Europeia, Venezuela e Egito.
Abate
De acordo com estimativa da Abiec, o abate de bovinos no Brasil deve fechar 2014 em 24,516 milhões de cabeças, considerados os estabelecimentos cadastrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF). O volume representa uma queda de 5,3% na comparação com as 25,896 milhões de cabeças abatidas em 2013.
Já o total de abates é estimado pela Abiec, com base em dados da Agroconsult, em 42,22 milhões de cabeças, número 1,6% inferior ao do ano passado. Para 2015, a perspectiva da associação é de uma manutenção do número de animais abatidos. A perspectiva da Agroconsult é de um abate de 42,83 milhões de cabeças no próximo ano. Apesar de uma oferta ainda restrita de animais, as exportações não devem ser afetadas.
– A perspectiva para o ano que vem é de que abate fique parecido com o deste ano, mas compensado pelo crescimento do peso médio dos animais, o que deve ajudar para uma produção de carne maior – explicou o diretor-executivo Fernando Sampaio.
Segundo ele, os elevados preços da arroba também devem estimular a engorda de animais em sistemas de confinamento no próximo ano, garantido uma oferta mais regular durante a entressafra.