A Indonésia pretende impulsionar sua indústria de carne bovina e autorizar o aumento das importações, diante da expansão da classe média. O relaxamento das restrições, que deve entrar em vigor nos próximos meses, pode beneficiar pecuaristas de países como o Brasil, que ainda não pode exportar para um dos maiores mercados mundiais. As importações de carne bovina e animais vivos correspondem a cerca de 30% das necessidades do país, de acordo com o Ministério da Agricultura indonésio.
Apenas seis países exportam para a Indonésia, incluindo a Austrália, que domina o mercado, e os Estados Unidos. Para aumentar a concorrência, a Indonésia pretende autorizar a importação de carne e animais de pelo menos mais uma dúzia de países, como: Argentina, Brasil e Uruguai. “Agora, estamos aumentando as opções, para não dependermos de um ou dois países”, disse o ministro de Comércio, Enggartiasto Lukita.
Ao mesmo tempo, o país asiático ainda busca a autossuficiência em carne bovina. Na semana passada, o governo disse que vai eliminar um sistema de cotas para animais vivos, contanto que os importadores se comprometam a separar um reprodutor para cada cinco destinados ao abate.
O presidente indonésio, Joko Widodo, disse durante sua campanha em 2014 que a autossuficiência em carne bovina poderia ser alcançada em cinco ou seis anos. No entanto, o plano enfrentou problemas com a escassez de terras apropriadas e o número cada vez menor de pecuaristas, disse o chefe da Agência de Segurança Alimentar, Gardjita Budi. Recentemente, Widodo revisou sua projeção para um prazo de nove a 10 anos. Ele deu sua aprovação inicial ao relaxamento das restrições em março.
A Indonésia tem cerca de 3,4 milhões de hectares que poderiam ser usados para a criação de gado, de acordo com o ministério local. Cerca de 75% dessa área seria em plantações de palma, se as duas indústrias se integrarem como o governo espera.
“Em 10 anos, podemos reduzir nossa dependência” de carne bovina importada, disse Juan Permata Adoe, vice-presidente de Processamento de alimentos, animais de corte e lácteos, na Câmara de Comércio e Indústria da Indonésia. “Mas ser autossuficientes, produzindo 100% sem importar, isso é impossível.”
Embora 40% da população viva com menos de US$ 3 por dia, o crescimento da economia nos últimos 15 anos resultou em uma classe média de aproximadamente 100 milhões de pessoas, que pode gastar em motocicletas, automóveis e outros itens, como alimentos de qualidade superior.
A carne bovina ainda é um artigo de luxo se comparada a carnes mais populares como a de frango. Mas o consumo per capita cresceu cerca de 14% desde 2013, de acordo com o Ministério da Agricultura do país asiático, contrariando a recente desaceleração econômica no país por causa da queda dos preços globais de commodities.
Neste ano, o ministério prevê o consumo de 2,61 quilos de carne bovina por pessoa. O número é pequeno em comparação aos 34 quilos consumidos per capita nos Estados Unidos no ano passado. Mas a Indonésia espera que a tendência de crescimento se mantenha.