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Carne bovina: China não quer mais pagar preço alto e propõe renegociação

De acordo com informações do jornal Folha de São Paulo, algumas empresas fizeram empréstimos e agora têm dificuldades para receber os valores acertados

A China quer renegociar os preços da carne bovina brasileira. De acordo com reportagem do jornal Folha de São Paulo, publicada nesta terça-feira, 21, os importadores chineses não querem mais pagar os preços acertados pela proteína e propõem uma mudanças nos valores.

Segundo a notícia, algumas empresas fizeram empréstimos e agora têm dificuldades para receber os valores acertados. Os preços da carne bovina no Brasil atingiram uma alta histórica no final do ano passado, chegando ao patamar de R$ 231 por arroba, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Nesta segunda, 20, a arroba fechou em R$ 192,60, queda de quase R$ 40 desde o pico dos preços.

Mauro Zafalon, jornalista da Folha de São Paulo, disse que a notícia foi uma surpresa para indústria, produtor e mercado. “Os setores não esperavam isso da China. O problema é que o Brasil precisa da China, a China precisa do Brasil porque conseguimos suprir essa alta demanda de proteínas devido ao problema da peste suína. Isso gera uma preocupação para o mercado, demonstra uma fragilidade, porque sem dinheiro chines, o mercado também fica sem dinheiro”, afirma Zafalon.

“O problema começou quando a China entrou no Brasil comprando tudo o que tínhamos de carne, somando mais de 400 mil toneladas exportadas. Eles pegaram o país em momento de entressafra, quando o boi gordo chegou a R$ 231. Com isso, as empresas pagaram os preços e agora não conseguem fazer uma negociação,  porque neste momento, o custo de produção da carne bovina no Brasil ficou elevado, e esse tem sido o impasse no mercado”, explica ele.

O Canal Rural entrou em contato com a Associação Brasileira de Indústria Exportadora de Carne, mas não obteve respostas até a publicação dessa matéria.

Para o analista de mercado da Agrifatto Consultoria, Gustavo Rezende, o anúncio por parte do país asiático não impactou os preços  de mercado. “Os preços estão respondendo mais sobre a questão de confinamento mais lento, um temor sobre o consumo interno mais lento, e por enquanto somente expectativa se como será o desempenho do mercado chinês”, afirmou ele.

Segundo Rezende, os pedidos de renegociação de países importadores são comuns. “É relativamente comum, alguns países fazem isso com uma frequência maior, como é o caso da Rússia, que sempre exercesse uma pressão nos países exportadores para baixar os preços das proteínas”, explica.

“O que acontece no caso da China, é que o problema foi grave em relação a peste suína, onde o país precisou comprar muita carne e com isso a inflação sobre os alimentos subiu expressivamente. A inflação de alimentos encerrou 2019 acima de 15%, sendo que no início do ano passado o índice estava em 2%. Então agora eles também querem pressionar preços, mas isso não está resolvendo o problema, e a disponibilidade de animais jovens parta atender a demanda chinesa também e menor neste período”, finaliza Rezende.