Nos últimos dias, a pecuária brasileira, setor responsável por 7% do PIB (Produto Interno Bruto) e setor responsável por mais de 3 milhões de pessoas, vem atravessando um momento delicado. Embora a operação Carne Fraca, da Polícia Federal, tenha como principal foco a investigação de indústrias de embutidos, o mercado bovino foi fortemente afetado, desde o frigorífico até o produtor.
Assustados e preocupados com as possíveis repercussões, muitos representantes de frigoríficos consultados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) suspenderam as compras ou pressionaram com força os valores na aquisição de novos lotes. Vendedores, por sua vez, só aceitaram negociar com pagamento à vista, quando, em situações normais, comercializam animais a prazo.
Nos megócios à vista, frigoríficos pagaram valores inferiores, com deságios. Muitos colaboradores indicam que negócios foram postergados para a primeira semana de abril. No início desta semana, diante da confirmação de embargos nas importações por parte de importantes compradores da carne bovina nacional, o mercado ficou travado, sem negócios.
Com 23 anos de pesquisa diária e ininterrupta, a equipe de coleta de preços de pecuária do Cepea nunca vivenciou um mercado como o dessa terça-feira, dia 21. Em muitas praças, não houve relatos de negócios nem de preços “abertos” para comercialização de novos lotes. Os poucos negócios e o abate foram resultados de contratos já fechados anteriormente.
Para a Scot Consultoria, a paralização é compreensível. Qualquer posição ou decisão tomada neste momento corre grande risco de estar desalinhada com o mercado quando ele voltar a operar pelos fundamentos de oferta e demanda.
Das praças pesquisadas pela consultoria paulista, apenas o Oeste do Rio Grande do Sul registrou reajuste na referência que, diferente da maioria dos estados, ainda tem indústrias ativas nas compras.