Confinamento de bovinos crescerá 7,7% em 2015

Apesar disso, produtores estão preocupados com preços no mercado e queda no consumoO confinamento de bovinos deve aumentar em 2015, impulsionado pelos preços atrativos da arroba no primeiro semestre, segundo estudo da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon). Apesar da projeção otimista, os criadores consultados pela entidade se revelam preocupados com os preços firmes no mercado de reposição e com a perspectiva de queda no consumo doméstico de carne bovina.

Na pesquisa, a Assocon entrevistou 85 pecuaristas, que pretendem confinar 828 mil animais este ano. O número representa um aumento de 7,7% em relação a 2014, ano em que os mesmos produtores confinaram 769 mil bois. Expandindo o levantamento para números nacionais, estima-se que haverá um total de 4,478 milhões de animais confinados no País em 2015. O levantamento foi realizado entre os dias 9 e 27 de fevereiro.

No entanto, apenas 64% dos bois previstos para o confinamento já foram garantidos pelos pecuaristas. O porcentual é menor que o registrado no mesmo período de 2014, em que aproximadamente 72% dos animais já estavam na fazenda, arrendados ou em negociação fechada para a compra.

– Ou seja, esse volume não garante ainda nem a produção do ano passado – avalia Bruno Andrade, gerente-executivo da Assocon.

– Efetivamente, a expectativa de crescimento existe e é positiva, mas os confinadores ainda não têm o número de animais suficiente – diz.

Uma das causas para a redução no porcentual de bois é a firmeza de preços no mercado de reposição (bezerros e bois magros).

– Alguns produtores estão relatando dificuldades para adquirir animais para o confinamento. Não pela baixa disponibilidade, mas pelo preço, que está impossibilitando a compra agora – afirma Andrade.

– Ainda assim, eles estão otimistas para 2015, porque os preços (da arroba) no primeiro semestre estão interessantes – diz.

A Assocon espera que esse cenário comece a se alterar a partir deste mês, período em que, sazonalmente, a maior parte dos animais começa a entrar no confinamento, para atingir um pico de produção ao fim do primeiro semestre. Em fevereiro, a taxa de ocupação dos confinamentos chegou a 23%, enquanto em janeiro o índice foi de 12%.

Preocupações

A segunda metade do ano será decisiva para determinar se a estimativa de expansão no confinamento irá se confirmar. Segundo a Assocon, os pecuaristas estão preocupados com a precificação no mercado do boi gordo em virtude da demanda no atacado, o que afeta as decisões dos criadores sobre a opção de engorda adotada.

– Há risco de queda no consumo interno por conta de problemas macroeconômicos – afirma Andrade.

– O mercado doméstico ainda é o grande consumidor da nossa carne, então iremos sentir no bolso qualquer tipo de oscilação – diz.

Em compensação, o gerente-executivo ressalta que a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) ainda projeta um aumento entre 10% e 15% nas receitas e volume de exportação em 2015, o que pode trazer alívio ao mercado.

Além disso, o estudo da Assocon indica que os insumos utilizados na dieta dos bois confinados não é uma grande preocupação dos criadores este ano, em virtude da recente desvalorização nos preços dos grãos.

– A nutrição dos animais não foi considerada o principal problema, embora alguns confinadores tenham relatado dificuldades para montar dietas a preços atrativos – afirma Andrade.