Nas fazendas, a época é de preparação da linha de confinamento. O trabalho ainda está no começo, mas o gado já está sendo levado para o local adequado. Na maior parte do tempo os animais ficam soltos na pastagem, mas esse ano, por causa da seca, os criadores do interior de São Paulo estão adiantando o processo.
– A expectativa nossa, aqui na Coplacana, é antecipar em torno de um mês a entrada de animais dos nossos cooperados. Dois motivos que são bem relevantes: um é esse período de chuva que está difícil aqui na região. Uma hora chove, a outra não, os pastos ainda estão sentindo essa falta de água. Agora no início de fevereiro voltou a chover um pouco mais, mas o regime hídrico esse ano vai ser complicado. E o segundo é essa boa oportunidade de preços da arroba, que está a um valor elevado e isso faz com que o cooperado fique um pouco mais com os animais. Dessa forma, utiliza o confinamento até antecipar, esses animais já estão indo na fase final para o abate – esclarece o superintendente da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), Klever Coral;
Anísio Schiavolli é um dos 100 pecuaristas da região de Piracicaba que utilizam a técnica. Esse ano ele vai precisar confinar o gado mais cedo, exatamente por conta da combinação dos dois fatores.
– Falta de carne também na praça, muita procura de gado e pouca oferta. Então, vai sair o gado de pasto daqui uns dois meses e aí começa o confinamento, pra ajudar e leva uns 80, 90 dias para confinar e aí não vai parar a produção – conta Schiavolli.
Segundo os especialistas, a previsão é de que no país o total de gado confinado suba de 4,160 milhões de cabeças para 4,360 milhões. Alcides Torres, da Scot Consultoria, diz que os preços devem continuar firmes, isso porque a oferta de animais ainda é baixa, e a demanda deve seguir aquecida.
– Nós estamos em pleno ciclo de alta dos preços agropecuários e então, eles devem continuar firmes esse ano e ano que vem, porque houve muito abate de vacas em 2011, 2012 e 2013. Isso está fazendo falta, essa bezerrada agora faz falta. Com relação aos custos dos medicamentos veterinários, caiu o protocolo, a própria dieta de grão e farelos deu uma aliviada, mas o principal custo de produção, que é o boi magro, continua caro. Então, a margem de manobra do pecuarista não é muito grande, eu não acredito em queda, talvez alguma coisa sazonal de safra e entressafra. O cenário é de preços fortes e firmes na pecuária no Brasil – aposta Torres.