– A cria é o setor produtivo com a bola da vez – afirmou.
Albuquerque estima que a cotação do bezerro tenha subido, em média, 45% no Brasil ao longo de 2014. Já a arroba avançou em ritmo menos acelerado, e teve alta de 25% no comparativo com 2013. De acordo com o indicador do Esalq/BM&FBovespa, a cotação do bezerro subiu 35,3% em Mato Grosso do Sul, ao passo em que a arroba avançou 25,1% em São Paulo. A diferença nos preços dos animais em seus diferentes estágios de desenvolvimento tem favorecido os pecuaristas que realizam a cria, em detrimento dos produtores que têm foco em outras etapas desse processo.
Responsável por um rebanho de 3.800 cabeças, o gerente de pecuária diz que cerca de 70% dos custos da fazenda Buritis & Marca, que atua tanto na recria quanto na engorda, estão relacionados à reposição dos animais. Com a mudança nos preços, a margem do negócio foi comprimida.
– Estou na pior relação de troca entre o boi gordo e o bezerro dos últimos 20 anos – estima Albuquerque.
A maior remuneração da cria em 2015 é considerada pelo analista um fenômeno sazonal que tende a se repetir no médio prazo em decorrência de oscilações de mercado. Albuquerque explica que, entre 2011 e 2013, os pecuaristas brasileiros enviaram muitos bois e fêmeas para o abate, incentivados pelos preços da arroba à época. A decisão trouxe impacto negativo à reprodução dos animais, o que ajudou a encarecer os preços no mercado da cria. Com isso, os fazendeiros passaram a reter mais fêmeas a partir de meados de 2014, a fim de reduzir custos com a sua principal matéria-prima. Quando houver melhora na composição do rebanho, no entanto, a tendência é a de que esse processo ocorra novamente.
No entanto, o ciclo do boi é longo comparado com o de suínos e, principalmente, frangos, então os resultados desse processo não devem se materializar no curto prazo.
– Estamos retendo fêmeas hoje, e até 2016 ou o início de 2017 devemos vivenciar uma recuperação da oferta de animais de reposição. Mas, nesse momento, há pouca probabilidade de termos quedas violentas nos preços de reposição – destaca.
A partir de maio, contudo, a oferta maior de animais no período de desmama pode afetar a cotação do bezerro.
– Pode haver maior pressão na oferta e algum relaxamento de preços, mas não se espera que 2015 seja um ano de cotações significativamente menores – diz.