A oferta de bois no Brasil deve diminuir no segundo semestre deste ano, conferindo firmeza aos preços da carne bovina. No entanto, os reflexos da crise econômica no país limitam a alta de preços no atacado, indica o Rabobank, em relatório trimestral sobre o mercado do boi.
A previsão se baseia na estiagem e no consumo interno. Com o avanço das frentes frias e secas, a capacidade de suporte das pastagens diminui e pecuaristas não conseguem manter os mesmos níveis de produção na engorda a pasto, o que limitará a oferta. Por outro lado, a desaceleração da economia nacional dá sinais de refrear a demanda doméstica.
– Por consequência, os preços no atacado estão sob pressão para não subirem, o que reduz as margens de frigoríficos – afirma o Rabobank.
No documento, o analista Adolfo Fontes diz que os preços do gado vivo ficaram praticamente estáveis nos cinco primeiros meses do ano. Em maio, por exemplo, as cotações oscilaram em torno de R$ 148, valor 0,5% superior à média de janeiro. No comparativo anual, contudo, a arroba subiu 15% em maio.
– Isso é resultado da seca dos últimos dois anos, que reduziu os estoques de gado, juntamente com a retenção de matrizes no rebanho – afirma no relatório.
O Rabobank prevê que a oferta de carne bovina só volte a crescer em 2016, quando a leva recorde de bezerros produzida nos últimos anos deve impactar positivamente os estoques de animais disponíveis para o abate.
Índia
No documento, o Rabobank também aborda as perspectivas de expansão do setor na Índia, principal país exportador de carne bovina, em volume.
Segundo analistas do banco, o futuro da indústria frigorífica na Índia está em risco. Isso porque seu maior importador é o Vietnã e acredita-se que parte significativa da carne embarcada ao país seja redirecionada para a China, que está combatendo o fluxo ilegal destes produtos. Em 2014, os exportadores indianos venderam 662 mil toneladas de carne desossada ao Vietnã (23%, em relação ao ano anterior).
O Rabobank espera que a produção indiana continue a ofertar carne ao mercado global a custos baixos, mas o crescimento das vendas externas deve se desacelerar. A média de expansão das exportações entre 2010 e 2013 foi de 30% ao ano. Em 2014, a alta foi de 11%.
Os analistas ponderam que a “Índia precisa encontrar mais mercados para mitigar o risco de queda no volume repassado à China”. Os dois países chegaram a firmar um memorando de entendimentos em 2013, mas desde então não houve progressos para uma abertura de mercado.