Dólar encarece custos da pecuária em 2015

Receita com exportação cresceu, mas dispêndios com atividade ficaram acima da inflação acumulada até setembro

Apesar de a valorização do dólar ter elevado a receita dos exportadores de carne em 2015, ela encareceu os custos de produção da pecuária de corte brasileira, que ficaram acima do aumento da inflação. A análise é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Entre janeiro e setembro, o custo operacional total (COT) subiu 7,43%, acima da inflação medida pelo IGP-DI (7%). No período de nove meses, os insumos importados que tiveram maior valorização foram adubos e corretivos (14,67%), suplementação (11,92%), combustíveis (6,2%) e antiparasitários (5,1%). Os dois primeiros itens respondem juntos por 13% do COT.

No caso dos pecuaristas de engorda, os altos preços dos animais de reposição prejudicou a composição de custos – a aquisição de animais representa cerca de 50% dos custos de produção do boi gordo. Em setembro, o Indicador Esalq/BM&FBovespa do bezerro (Mato Grosso do Sul, animal nelore, de 8 a 12 meses) teve média de R$ 1,2 mil, alta de 6,9%, em termos reais (considerando os efeitos da inflação), em relação ao mesmo período do ano passado. O boi magro em São Paulo, por sua vez, teve média de R$ 1.254 em setembro, aumento de 16%.

“Diante dos altos patamares, pecuaristas de engorda seguem cautelosos na compra de animais de reposição”, diz o Cepea. “Além disso, as condições dos pastos ainda desfavoráveis em algumas regiões produtoras reforçaram a postura retraída de compradores”.

Exportação

Das principais carnes exportadas, a bovina foi a principal beneficiada pela valorização do dólar em relação ao real.

O preço médio do produto in natura saiu de R$ 11.619,84 a tonelada em janeiro para R$ 17.767,14 a tonelada em setembro, valorização de 53%. No mesmo período, a tonelada das carnes de frango e suína in natura se valorizou 36%. Em receita, os embarques brasileiros de carne bovina geraram R$ 10,6 bilhões nos nove primeiros meses de 2015, acréscimo de 9,24% sobre intervalo equivalente do ano anterior.

“O reajuste da carne só não foi maior porque a moeda de muitos compradores do produto brasileiro também se desvalorizou”, afirma o relatório do Cepea.  “Além disso, a economia de importantes países consumidores da carne nacional tem estreita relação com o petróleo, que enfrenta um período prolongado de preços baixos”.

Em termos de volume, as exportações de carne bovina recuaram 16,2% entre janeiro e setembro, totalizando 766,7 mil toneladas.

No mercado doméstico, os preços da carne bovina também seguem firmes, sustentados, principalmente, pela oferta reduzida de animais para abate.