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Embrapa lança calendário de manejos para bovinos

Pesquisadores detectaram redução em 50% de fundo de maternidade e taxa de abortos após um ano de uso da tecnologia

Fonte: Gabriel Faria/Embrapa

Permitir melhor planejamento e acompanhamento das atividades relacionadas a bovinos de corte em uma propriedade rural é o principal objetivo do Calendário de Manejos Reprodutivo, Sanitário e Zootécnico, apresentado pela Embrapa Gado de Corte em parceria com a Universidade Brasil (SP). A ferramenta, disponível em planilha editável, é gratuita e chega após três anos de investigação a campo pela equipe formada por Danila Fernanda Rodrigues Frias, Vanessa Felipe, João Batista Catto, Pedro Paulo Pires, Paula Barbosa Miranda, Luiz Otávio Campos da Silva e Cleber Soares.

A estação de monta é a referência do planejamento, em um calendário organizado em manejos reprodutivo, sanitário e zootécnico e por categorias animais – maternal, desmama, pós-desmama e sobreano – além de touros e matrizes. A ferramenta também é diferenciada por cores e lotes para facilitar o entendimento e a identificação das atividades para cada categoria dentro de determinado mês. Outro destaque ainda é uma versão feita para impressão.

“O material foi idealizado a partir de um diagnóstico de situação em propriedades rurais produtoras de gado de corte, e adaptado aos manejos usuais das mesmas, de forma a interferir o mínimo possível na rotina e viabilizar a adoção das recomendações técnicas”, explica a médica-veterinária e professora Danila Frias, da Universidade Brasil. “O processo de diagnóstico, desde a história clínica dos animais a interpretação dos resultados dos exames, balizou toda a construção do modelo de calendário apresentado. Foi um instrumento clínico e epidemiológico. Saímos do campo das suposições e dados dos pulverizados e tivemos como comparar o antes e o depois em diferentes condições de criação”, acrescenta a virologista da Embrapa, Vanessa Felipe.

Dentro da programação reprodutiva há recomendações para realização de exame andrológico, diagnóstico de gestação, descarte de matrizes, transferência para piquete maternidade, ingestão de colostro, tratamento de umbigo, identificação e pesagem. Na agenda sanitária, Felipe e Frias comentam que há observações sobre os manejos de controle de endo e ectoparasitas, como mosca-dos-chifres e carrapatos; e utilização de vacinas obrigatórias contra brucelose, febre aftosa e raiva, que devem ser realizadas conforme as exigências e as orientações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para cada estado ou região.

Coleta de dados

O diferencial do trabalho foi mesmo o diagnóstico de situação feito nos rebanhos comerciais e de elite de dez fazendas de pecuária de corte de Mato Grosso do Sul. Entre matrizes, touros e bezerros, contabilizaram-se ao redor de 5.100 mil animais. Após a análise dos dados preliminares montou-se a primeira versão do calendário, que foi aplicado a campo e ajustado, inclusive, com sugestões dos técnicos das propriedades.

O resultado final veio após um ano de aplicação da ferramenta. Para isso, Frias aplicou questionários junto aos responsáveis e proprietários dos estabelecimentos rurais participantes do projeto e levantou dados como índice de prenhez, taxa de abortos, fundo de maternidade e doenças recorrentes; seguido pela coleta  de amostras de sangue, fezes e esmegma. A equipe focou nas principais causas que impactam negativamente em todo processo produtivo da cadeia, não somente em doenças reprodutivas. Além disso, a saúde pública, a qualidade do produto final e o impacto ao meio ambiente também estavam no contexto.

Antes da aplicação do Calendário de Manejos, as taxas médias nas fazendas eram de 70% de prenhez, 15% de fundo de maternidade e 10% de abortos. “Com um ano de adoção, detectamos que houve um aumento, em média, de 5% na taxa de prenhez e uma redução em 50% de fundo de maternidade e taxa de abortos”, afirma Frias. As suspeitas clínicas confirmaram-se nos resultados dos exames laboratoriais.

Entre os achados, as veterinárias puderam romper com a falsa impressão daqueles que acreditam que rebanhos de seleção não têm problemas sanitários relevantes por seu valor genético e tratamento diferenciado. Entretanto, “as doenças infecciosas não fazem distinção entre animal comercial e de elite. É uma quebra de paradigmas”. Elas enfatizam que “com o devido acompanhamento técnico é mais econômico adotar práticas preventivas como as recomendadas no Calendário de Manejos, do que custear tratamentos curativos”.

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