O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Luiz Claudio Paranhos, aposta numa entressafra com menor oferta de gado. Em entrevista a jornalistas na sede da entidade, durante a 82ª Expozebu, em Uberaba (MG), ele destacou que a arroba deve ser sustentada por uma queda no número de animais confinados e também pela alta nos custos de produção, em especial da ração, principal ingrediente na engorda de animais no cocho.
“Teremos uma entressafra mais forte (de preços)”, afirmou, projetando que o preço do boi gordo pode ir para R$ 170, como já aponta o mercado futuro. Atualmente, a cotação está pouco acima de R$ 150. Paranhos disse que a atual crise econômica e política pela qual passa o país é prejudicial ao setor e que, independentemente da troca de governo, a atividade pecuária “anseia por estabilidade econômica”. “Instabilidade dificulta o interesse em novas ações e no panejamento”, comentou.
Indagado sobre a participação da ABCZ na divulgação do Plano Safra 2016/2017, marcada para quarta-feira, dia 4, em Brasília, Paranhos afirmou que a entidade não poderá estar presente em razão justamente da Expozebu, que ocorre no município mineiro até o dia 7.
Ele fez elogios ao programa, disse que a antecipação do lançamento não é prejudicial, mas cobrou rapidez na liberação do dinheiro. “O Plano Safra está melhor estruturado neste ano na comparação com o do ano passado, mas precisamos que seja melhor executado, facilitando o acesso aos recursos para quem precisa.”
Comércio internacional
Paranhos afirmou que a atual taxa de câmbio ainda é favorável às exportações de carne bovina in natura brasileira e que a China, figurando como um dos principais importadores, tende a manter firme o preço da arroba no mercado doméstico. “A grande vocação do Brasil é produzir alimentos e o agronegócio tem sido forte nisso, mas podemos dar um passo além se buscarmos agregação de valor”, disse.
Mesmo assim, o presidente da ABCZ prevê que o Brasil enfrentará forte concorrência no mercado internacional de carne nos próximos anos. Isso porque as reformas realizadas pelo presidente Mauricio Macri, na Argentina, podem reestruturar o setor local e colocar o país vizinho novamente como um poderoso player global – um processo que, nas contas de Paranhos, pode levar até oito anos. “Vamos ter saudades da Cristina (Kirchner, ex-presidente da Argentina)”, brincou.
Eleições
Em agosto próximo, a ABCZ realizará eleições para a escolha de um novo presidente e, após 22 anos, terá duas chapas concorrendo. A da situação é encabeçada por Frederico Cunha Mendes e, a da oposição, por Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges. Evitando se envolver nas questões relativas ao pleito, Paranhos disse apenas que o “gestor ABCZ precisa estar capacitado, dada a representatividade da entidade”.
O atual presidente afirmou que sua atuação à frente da ABCZ tem saldo “positivo” e que sua principal atuação foi ligada a programas de genética.
A Expozebu se encerra em 7 de maio e deve movimentar entre R$ 45 milhões e R$ 46 milhões, perto do que foi registrado no ano passado, embora a confirmação desse montante dependa dos leilões que ainda não foram realizados, disse Paranhos. Neste ano, a mostra conta com 24 leilões, dez a menos ante 2015. Até agora, 40 mil pessoas passaram pela feira, acrescentou o representante da ABCZ.