Ele relatou detalhes da viagem que fez na semana passada ao país asiático, afirmando que conseguiu destravar o processo já que a liberação das importações havia sido anunciada em julho pelo governo chinês.
– Fomos a Pequim para consolidar (a suspensão do embargo) e não ficar só no discurso sobre a questão da abertura de mercado – disse.
A China proibiu a importação de carne brasileira em 2012. O Brasil exportou apenas US$ 74,87 milhões em carne bovina para o país naquele ano. Agora, o ministro fala em até US$ 1 bilhão na corrente exportadora com a reabertura de mercado.
– É um mercado promissor e temos um potencial de aumentar as exportação para China de US$ 700 milhões a US$ 1 bilhão por ano – calculou.
Segundo Geller, o governo chinês também autorizou a liberação de dez plantas industriais como exportadores credenciados e será a partir destes frigoríficos que a carne brasileira chegará à China. Ele, no entanto, disse que só na primeira semana de dezembro serão conhecidas as unidades das empresas credenciadas.
– Essas plantas podem aumentar o investimento e o consumo de milho para sair para o mercado internacional com o valor agregado – comemorou.
O ministro minimizou eventuais impactos do aumento das exportações de carne na inflação no momento em que preço da proteína animal tem pesado no bolso do consumidor brasileiro.
– A questão de inflação pode aumentar um pouquinho, mas não vai pesar muito não – avaliou.
Apesar da previsão otimista, Geller reconheceu que para o mercado interno “o preço pode num primeiro momento aumentar um pouco”. Mas ele apontou a capacidade dos frigoríficos de aumentar a produção como saída para o efeito inflacionário que um aumento nas vendas à China pode trazer.
– O governo tem de fazer a sua parte de viabilizar isso no longo prazo – indicou.
De acordo com o ministro, o Brasil tem rebanho bovino para atender às exportações no médio prazo e os frigoríficos podem realizar novos investimentos, com acesso a linhas de financiamento do governo federal.
– Esse potencial de crescimento é muito bom. Se houver demanda, a oferta se constrói com facilidade. Nenhum país tem esse potencial – afirmou.
Geller também comentou a possibilidade de a Austrália aumentar as exportações para a China. Ele disse que os australianos estão chegando ao limite de sua capacidade produtiva, o que impõe restrições a um aumento consistente de atendimento ao gigante asiático, que hoje importa cerca de 50% da carne bovina que consome da Austrália.
– Se a Austrália se concentrar na China eles automaticamente vão deixar de abastecer outros países. Nós temos de nos apresentar (ao mercado internacional) – considerou.
Arábia Saudita
Geller, disse também que as exportações de carne bovina para a Arábia Saudita serão reiniciadas em dezembro, após a visita de um grupo de técnicos sauditas para inspecionar frigoríficos brasileiros.
A visita ocorrerá nos próximos dias e, após a análise por amostragem do rebanho brasileiro, o governo de Riad vai publicar um decreto habilitando os frigoríficos exportadores.
– Temos uma previsão de começar as exportações a partir da segunda quinzena de dezembro. Conseguimos superar todos os embargos técnicos – disse.
Geller participou na semana passada de reuniões com o governo saudita para negociar a reabertura de mercado, embargado por decisão de Riad em 2012, após a constatação de um caso atípico de vaca louca no Paraná. A expectativa agora é de que a retomada da corrente bilateral com a Arábia Saudita também auxilie na ampliação de mercado no Golfo Pérsico.
– Se nós abrirmos o mercado para a Arábia Saudita automaticamente abrimos para todo o Golfo – indicou o ministro.
O Brasil exportou U$ 250 milhões em carne bovina para o Golfo em 2012, sendo US$ 156 milhões para o mercado saudita. A expectativa oficial é de que a região dobre esse volume.
– Vamos recuperar esse mercado de US$ 250 milhões. Mas a informação que temos é de que nesses dois anos mudou muito e está mudando o hábito alimentar desses países e, consequentemente, acreditamos que tem um potencial de chegar de US$ 400 milhões a US$ 500 milhões – estimou.