As exportações brasileiras de animais vivos devem somar 750 mil cabeças em 2018. Confirmado esse desempenho, o faturamento será de US$ 700 milhões. Em número de animais, as vendas serão 80% maiores que as registradas em 2017. “O bom resultado reflete a abertura de novos mercados”, explica Ricardo Barbosa, presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Animais Vivos (Abreav).
Atualmente, a maior parte das exportações brasileiras segue para Turquia, Egito, Líbano, Jordânia e Iraque. Desde 2015 o Brasil é o quarto maior exportador do setor, junto com a Austrália, México, União Europeia, respectivamente primeiro, segundo e terceiro maiores exportadores. Logo após o Brasil, vem o Uruguai, na quinta posição no ranking.
O Brasil tem longa tradição na exportação de animais vivos e comercializa gado em pé há mais de 60 anos, mas recentemente uma polêmica em torno do bem-estar dos animais durante as viagens para fora do país vem movimentando o setor.
Os críticos às exportações de animais vivos alegam que há maus tratos durante o percurso entre a origem e o destino final, que dura em média 18 dias. No entanto, a Abreav segue os protocolos da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), que desde 2001 incluiu o bem-estar animal em seu planejamento estratégico.
Os critérios que estabelecem o conforto dos animais são respeitados em todos os embarques, com priorização às cinco liberdades, que, segundo especialistas do Farm Animal Welfare Council, servem de parâmetro para a prática da melhoria do bem-estar animal.
“Os animais seguem livres de fome e de sede, livres de desconforto, livres de dores, ferimentos ou doenças, livres para expressar seu comportamento natural e livres de medo e de estresse”, afirma o presidente da Abreav.
Além disso, de acordo com Barbosa, todo embarque é monitorado por veterinários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a fim de garantir as condições de conforto dos animais.
Ao saírem das fazendas, os animais passam por uma quarentena de observação, cuidados e boas práticas de manejo. Também recebem nutrição de qualidade durante o todo o trajeto até o destino final. “A procedência de nossa pecuária conquistou diversos mercados, inclusive os mais exigentes, como países da Ásia e do Oriente Médio”, diz Barbosa.
A tendência para os próximos anos é de crescimento de 55% no mercado mundial, que deverá demandar 4,8 milhões de cabeças em 2020. Nesse cenário, a Austrália terá dificuldades para seguir na liderança das vendas mundiais, devido o rebanho de apenas 24 milhões de cabeças.
Na ponta da importação, a China e a África são mercados com oportunidade de crescimento. “Estamos otimistas e acreditamos que as vendas do Brasil alcancem 1 milhão de cabeças em 2019”, diz o executivo.