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Mato Grosso

Febre Aftosa: com retirada da vacina em 2023, pecuarista de MT terá papel fundamental

No estado com mais de 32 milhões de bovinos, responsabilidade compartilhada sobre a vigilância animal será essencial para alcançar novo status sanitário

A partir de 2023 a vacina contra a febre aftosa em Mato Grosso será retirada. Com isso, o papel de vigilância do pecuarista se tornará cada vez mais relevante, segundo especialistas. O Estado, livre de aftosa com vacinação, está há 26 anos sem registrar casos da doença. 

A retirada da vacina e os cuidados para evitar que o vírus volte a surgir foram debatidos no 5º Fórum Estadual de Vigilância para a Febre Aftosa, em Cuiabá, na manhã desta quinta-feira (22). O evento trouxe debates envolvendo o produtor rural, o Poder Público, médicos veterinários, especialistas, empresas privadas e representantes do setor produtivo de Mato Grosso. O fórum foi realizado pelo Equipe Gestora Estadual do Plano Estratégico 2017-2026 do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA).

No discurso de abertura, o presidente do Sistema Famato, Normando Corral, falou sobre a importância deste novo momento para a pecuária do estado. “O que estamos fazendo hoje diz respeito à sanidade do produto que nós vendemos. E, isso é de vital importância. Não só para a exportação, mas, principalmente, para o nosso consumo interno, que representa de 70% a 80% do consumo de carne bovina no Brasil e, em torno de 20%, 30% é exportado”, afirmou.

Febre aftosa é doença econômica com vigilância constante

A febre aftosa é uma doença econômica! Essa foi uma das afirmações do diretor da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), José João Bernardes. Segundo o diretor, a retirada da vacina é resultado de muitos anos de trabalho, dedicação e responsabilidade. “O papel de todos aqui é disseminar esses conceitos”, finaliza. 

Para a presidente do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT), Emanuele de Almeida, um dos objetivos do fórum é chamar os produtores e entidades para caminhar em conjunto com o instituto. “Mato Grosso já cumpriu mais de 76% do plano estratégico para a retirada da vacina em 2023 e vamos seguir firmes para chegar aos 100%”, conclui.

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Foto: Faep

Plano estratégico em prática desde 2017 

Durante o evento a fiscal estadual do Indea-MT, Ana Carolina Schmidt, explicou que o plano estratégico foi lançado em 2017 com a intenção de dar sustentabilidade para a manutenção das zonas livres de febre aftosa no país e também, realizar uma transição de forma gradual entre as zonas livres com vacinação para as zonas livres sem vacinação. 

“Devido ao cumprimento das ações desse plano, nós temos uma grande área livre com vacinação no Brasil e temos áreas em transição, já certificadas, sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal. Importante ressaltar que em Mato Grosso, a região noroeste já é certificada como livre sem vacinação desde 2021, devido ao cumprimento das metas”, afirma a fiscal. 

Defesa Sanitária e Biosseguridade

O professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Amauri Alfieri, ressaltou a importância do calendário sanitário e da biosseguridade dentro das propriedades rurais durante o evento. “Biosseguridade vai ter que começar a ser trabalhada. É preciso saber o que ocorre não só com o seu rebanho, mas também com o do vizinho“, afirma. 

Ele explicou que o vírus da febre aftosa possui sete sorotipos e dezenas de subtipos. Isso faz com que ele escape do sistema autoimune e por isso, a vigilância se faz necessária. Essa fiscalização é feita por produtores, órgãos públicos e gestores sanitários. 

“Defesa Sanitária Animal é uma Política de Estado. Um povo que esquece a história está condenado a cometer os mesmos erros. Por isso é importante manter uma vigilância constante para a aftosa, mas para outras doenças também”, destaca.

O presidente do núcleo gestor do bloco 4 da PNEFA, Chico da Paulicéia, explicou que não está terminando uma fase, mas sim, começando uma muito importante. “Estamos iniciando a fase em que o produtor rural irá ser o primeiro vigilante do seu plantel. Não é porque vamos parar de vacinar que as coisas vão ficar mais fáceis. O bom pecuarista sabe a importância de continuar fazendo o manejo e vigiando cada vez mais contra as doenças e melhorando as condições sanitárias”, afirma o presidente. 

 

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