A pressão de baixa sobre as cotações do boi gordo continuou na semana passada, vinda principalmente dos frigoríficos, com a maior parte das indústrias fora do mercado, esperando preços melhores. A análise é da Scot Consultoria.
Em São Paulo, na região de Barretos, houve queda no preço do boi gordo, cotado em R$143 a arroba, à vista. As programações paulistas atendem, em média, seis dias. Em Mato Grosso do Sul, os frigoríficos ofertavam até R$ 3 a arroba abaixo da referência.
– Esse cenário vem sendo comum no fechamento da semana – diz trecho do relatório da Scot Consultoria.
Junho
No mês passado, os preços ficaram acima do registrado no mesmo período do ano passado, por conta da baixa oferta de animais para reposição e abate, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
A maior valorização ocorreu com os bezerros no estado de São Paulo – 30%, em termos reais (corrigidos pela inflação), com a média passando de R$ 1.071,58, em junho de 2014 para R$ 1.394,08 no último mês. No acumulado do primeiro semestre, houve aumento de 13,8%.
Em Mato Grosso do Sul, o animal foi cotado na média de R$ 1.408,66, alta de 28,6% no comparativo anual e de 13% sobre dezembro de 2014, segundo o indicador Esalq/BM&FBovespa (animal nelore, de oito a 12 meses).
– No mercado de reposição, além do desestímulo à cria em anos anteriores, o volume relativamente baixo de animais refletiu o clima adverso (falta de chuva) desde 2013, o que prejudicou a taxa de prenhez das vacas, o intervalo entre partos e o desenvolvimento de bezerros e garrotes – diz o Cepea.
Para o boi gordo, a média do indicador Esalq/BM&FBovespa para o estado de São Paulo em junho, de R$ 146,19, superou em 14% a do mesmo período do ano passado, mas ficou 1,5% abaixo da apurada em dezembro, também em termos reais.
No mercado atacadista da Grande São Paulo, a carcaça casada de boi teve média de R$ 9,40 o quilo em junho, 13,4% a mais que a média de um ano atrás e perda de 0,2% no comparativo com dezembro.
A valorização do boi gordo levou os frigoríficos a pressionarem as cotações para baixo, com propostas de compra muito abaixo dos valores de referência. A situação levou os produtores a segurarem as vendas, se desfazendo dos animais somente quando houve necessidade de fazer caixa.
Com os recordes de preços, a venda de matrizes tem diminuído, levando o Cepea a projetar uma recuperação da oferta de bezerros no médio prazo.