Por ser uma raça rústica, se adapta bem aos climas quentes e apresenta excelentes resultados a campo, qualidade garantida pela libido dos touros e pelos altos índices de fertilidade das fêmeas, características marcantes da raça. Além disso, a carne produzida pelo animal possui ótima marmoreio, apresenta em média 5 mm de espessura de gordura, quantidade considerada ideal pela indústria.
No Mato Grosso do Sul, Estado responsável por boa parte do volume da carne produzida no Brasil, a criação de senepol ganhou adeptos ao longo dos últimos anos, estimulando o pioneirismo em técnicas de melhoramento genético na busca pela excelência dessa carne. Inclusive da parcela proveniente dos cruzamentos. A genotipagem é uma delas.
Trata-se de uma ferramenta utilizada para analisar o DNA de indivíduos e buscar as diferenças ou igualdades que irão determinar características como cor da pele, por exemplo. Segundo o técnico Adauto Franco Filho, dentro dos painéis de análise, é possível predizer pontos de importância econômica como maciez e marmoreio da carne ou, até mesmo, se um indivíduo será mais eficiente quando se alimenta:
– Quando retiramos os pelos da cauda de um bovino de corte temos condição de extrair o DNA dele e analisarmos em nosso laboratório nos EUA se ele possui estas características em comum ou não, e após isso ele é ranqueado em nosso índice para apresentarmos os resultados aos seus proprietários – explica.
De acordo com Franco Filho, essa técnica vem sendo trabalhada com a raça senepol há pouco mais de um ano no Brasil. Nos Estados Unidos, a ferramenta é amplamente utilizada tem alguns anos. Ao analisar o DNA de um bovino de corte jovem, é possível saber como será a tendência de sua produção, ou seja, se ganha tempo e confiabilidade nas tomadas de decisão, como utilizar mais ou menos um determinado individuo dentro de um rebanho.
Para o produtor que quiser começar com a técnica, o primeiro passo é possuir os bovinos de corte da raça pura, seja qual for, como no caso das raças nelore e senepol. A partir disso, utilizar a técnica de Marcadores Moleculares de forma complementar, como uma ferramenta de seleção dentre outras que ele utiliza, como pesagem, avaliações de carcaça por ultrassom, entre outras. Outro ponto que em que a ferramenta agrada o produtor é na relação custo x benefício na propriedade.
– Imagine que por menos de R$100,00 eu consigo predizer se terei mais lucro utilizando um animal A ou B, por exemplo. Quando falo de manejos como os de confinamento, sabemos que as dietas tem oscilação de custo, mas dentro do nosso Brasil central varia entre R$ 5,00 e R$ 6,00 por animal/dia. Imagine então se a fazenda utilizar animais que ganhem mais peso comendo menos quilos de alimento por dia? O resultado já compensa, levando-se em consideração apenas este ponto de confinamento, sem contar os demais. O impacto financeiro é bem expressivo – comenta o especialista.
Guilherme Reich, um dos proprietários da Senepol Luar, criatório localizado em Camapuã (MS), foi um dos pioneiros desse método no Brasil. A primeira providência dele foi um trabalho em conjunto com o técnico para coletar os primeiros animais – doadoras de embriões, novilhas com potencial para serem futuras doadoras e bezerras para serem as matrizes do plantel no futuro e touros de repasse. É a tecnologia aplicada no campo trazendo resultados de forma rápida e eficiente e contribuindo para o melhoramento genético de toda a raça.
– Há 10 anos investimos em tecnologia de ponta, pesquisas e técnicas de manejo avançadas em um estilo de produção completamente sustentável. Desde quando iniciamos a criação do senepol, prezamos pelo melhoramento genético da raça, sempre nos preocupando em preservar e aprimorar suas características originais – ressalta Reich.
Sobre o rebanho da Luar, o técnico conta ainda que a genotipagem levantou informações sobre o rebanho do criatório que nenhuma outra ferramenta já havia possibilitado:
– Hoje sabemos que o rebanho possui em sua formação mais de 90% dos animais genotipados com presença dos gens para pelagem vermelha homozigoto, algo muito buscado hoje dentro da raça para padronização de rebanho. Sabemos que a melhor época para ter informações de um animal certamente é na juventude, entre 8 e 30 meses, deixando bem claro que o teste pode ser feito em qualquer idade, desde um bezerro recém nascido ou até mesmo um touro de 15 anos, dependendo das prioridades – completa o pecuarista.