A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) informou que aderiu oficialmente ao protocolo Boi na Linha, que estabelece critérios socioambientais na aquisição de gado em todo o país.
O padrão foi desenvolvido pela organização ambientalista Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), em parceria com o Ministério Público Federal (MPF).
Atualmente, das 39 empresas associadas à Abiec, 16 já aderiram ao protocolo, incluindo as 3 maiores do país (JBS, Marfrig e Minerva). O acordo entre o Imaflora e a Abiec prevê a expansão progressiva e inclusiva do uso do Protocolo Boi na Linha em todos os frigoríficos associados à entidade em território nacional.
Marina Piatto, diretora-executiva do Imaflora, afirmou: “Com a representatividade das associadas da Abiec, vamos melhorar o ambiente de negócios, uniformizando procedimentos e critérios de originação no setor”.
Já Antonio Camardelli, presidente da Abiec, ressaltou a importância da cooperação para a promoção de uma cadeia de valor sustentável da carne bovina no país e para o cumprimento dos compromissos climáticos e combate à ilegalidade.
O objetivo é que todas as empresas atuantes na Amazônia estejam seguindo o protocolo em um ano, e que as demais empresas associadas adotem-no em dois anos, de acordo com Fernando Sampaio, Diretor de Sustentabilidade da Abiec.
As 16 empresas que já aderiram ao protocolo representam atualmente 74% dos abates em frigoríficos de inspeção federal (SIF) na Amazônia e 63% dos abates totais (SIF) do Brasil.
Com a cooperação entre o Imaflora e a Abiec, espera-se engajar e treinar os frigoríficos associados e alcançar as 39 empresas, que representam 84% dos abates de inspeção federal na Amazônia Legal, 80% dos abates de SIF no Brasil e 98% das exportações brasileiras.
O Protocolo Boi na Linha resulta de um processo de articulação da sociedade civil, Ministério Público Federal e frigoríficos, visando harmonizar e fortalecer o compromisso socioambiental na cadeia de valor da carne bovina na Amazônia e promover boas práticas através de monitoramento, auditoria e relatórios de progresso.
O objetivo é aumentar a transparência da cadeia, unindo produtores de gado, frigoríficos, supermercados, investidores, atores públicos e organizações da sociedade civil em prol de uma produção sustentável.
Febraban e gado
Na semana passada, a Febraban divulgou uma nova política de autocontrole em que os principais bancos do país aumentarão os requisitos para conceder empréstimos a empresas de processamento de carnes que operem na região amazônica.
De acordo com as novas diretrizes, a indústria de produtos cárneos deverá implementar sistemas de rastreamento de seus fornecedores na Amazônia como pré-requisito para obter financiamento dessas instituições financeiras.
A medida recebeu críticas por parte da Abiec e de especialistas, que expressaram a opinião de que os bancos poderiam ter um envolvimento maior como participantes dessa cadeia, além de abranger outras indústrias, como mineração e exploração madeireira, que também impactam os recursos amazônicos.