O Brasil tem hoje cerca de 168 milhões de hectares de pastagens, dos quais 48 milhões de hectares são degradados. A informação é do pesquisador da Embrapa e professor da GVAgro Eduardo Assad, que apresentou, nesta semana, o projeto “Intensificação da pecuária brasileira: seus impactos no desmatamento evitado, na produção de carne e na redução de emissões de gases de efeito estufa”. A pesquisa foi coordenada por ele, para entre outros objetivos, estudar a viabilidade da aplicação da agricultura de baixa emissão de carbono (ABC) na pecuária para intensificar a atividade no país.
Entre as técnicas utilizadas na ABC estão por exemplo a integração Lavoura-Pecuária-Floresta, onde a adubação destinada à lavoura servirá na sequência para adubar o pasto na mesma área e assim sucessivamente.
A floresta, cujas mudas são instaladas desde o início, vem como renda adicional ao produtor alguns anos depois, no mesmo local. Ou seja, intensifica-se o uso da área, mantendo-a sempre coberta com vegetação e sequestrando carbono, garantindo renda extra e evitando mais desmatamentos.
“Os pastos atualmente abrigam a média de 1 bovino por hectare, emitindo carbono em alguns pontos e em outros pontos sequestrando carbono”, disse o professor. Segundo ele, elevando o número de cabeças até 3,3 animais por hectare, aumenta-se o sequestro de carbono. “É uma questão de limite”, afirmou.
De acordo com Assad, o rebanho brasileiro – atualmente em 250 milhões de cabeças – pode chegar a 324 milhões de cabeças com boas práticas agrícolas, “bom pasto e uma boa integração (entre pasto, lavoura e floresta)”.
Sem a aplicação da ABC, seriam necessários mais 100 milhões de hectares de pastos para atingir este rebanho. “É possível crescer sem desmatamento e com carbono neutro”, concluiu o professor.