O presidente da JBS Mercosul, Miguel Gularte, afirmou nesta quarta, dia 15, que a empresa começará em agosto a construção de um frigorífico no Paraguai. A planta ficará na cidade de Belén, na província de Concepción, e terá capacidade de abater 1,2 mil bovinos por dia.
A JBS já opera outros dois frigoríficos no país, mas este será o primeiro “feito do zero”, já que os outros resultaram de aquisições.
– Será um frigorífico totalmente novo, com tecnologia de ponta – revelou o executivo responsável pela operação de bovinos da JBS na região do Mercosul em evento na sede da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), na capital gaúcha.
Segundo ele, atualmente 85% da produção no Paraguai é destinada ao exterior. Além de perceber um avanço expressivo nas exportações nos últimos anos, a empresa também vê potencial no mercado paraguaio em um futuro próximo. Além disso, a JBS enxerga um ambiente propício para expandir as operações.
– A demanda [por gado] supera a oferta de matéria-prima em toda a América do Sul, mas no Paraguai é um pouco diferente. Há um crescimento do rebanho muito grande e a capacidade instalada ainda é pequena. Hoje o rebanho (paraguaio) é de 14 milhões de cabeças e há menos de 12 frigoríficos de porte médio e grande operando – disse, ao justificar o investimento.
O anúncio oficial da construção do frigorífico, que deverá gerar 800 empregos diretos e 3,5 mil indiretos, está sendo feito hoje em uma feira no Paraguai. O investimento de US$ 100 milhões na fábrica estava previsto desde o ano passado, mas, de acordo com Gularte, a forma dos aportes ainda está em discussão.
– Não foi definido ainda, mas pode ser um pouco de caixa próprio e um pouco de financiamento local [tomado no Paraguai] – disse.
Argentina
Perguntado sobre as operações na Argentina, Gularte afirmou que a JBS manteve um plano de aporte de recursos expressivo no país, apesar de o governo de Cristina Kirchner ter restringido as exportações para garantir uma oferta interna alta e, desta forma, manter os preços baixos no mercado doméstico.
Segundo ele, a JBS seguiu melhorando a atividade no País e, nos últimos anos, concentrou na unidade de Rosário as operações que antes eram feitas em quatro frigoríficos espalhados pela Argentina, o que proporcionou um ganho de eficiência.
Hoje a planta está abatendo cerca de 1,8 mil bovinos por dia. A estimativa é de que chegue a 2,2 mil no fim do ano, volume que será equivalente à produção anterior das quatro unidades juntas.
Além disso, a JBS mudou o perfil do negócio no País, que antes estava voltado mais à exportação e depois foi direcionado ao mercado local. Atualmente, conforme Gularte, 90% da produção fica na Argentina.
– Temos a convicção de que a Argentina começou um processo de inflexão. O rebanho já cresceu nos últimos anos, teve recuperação importante – falou.
A avaliação do executivo é de que, independentemente do governo que venha a assumir a partir das eleições de outubro deste ano na Argentina, este mercado terá oportunidades interessantes em 2016.
Sobre a estratégia de expansão da JBS no Mercosul, ele disse que hoje não há previsão de aquisições na região, mas brincou que, na companhia, as aquisições ocorrem mesmo “sem estar no radar”.