JBS reforça foco em desempenho operacional

Em teleconferência realizada hoje, CEO Global da multinacional afirmou que últimas aquisições foram oportunidades de mercado dentro da estratégia de investimento em valor agregado

Fonte: SNA

O presidente global da JBS, Wesley Batista, afirmou nesta quinta, dia 2, em teleconferência com jornalistas e investidores do mercado sobre as últimas aquisições, que a companhia continua focada no crescimento orgânico de suas unidades, apesar de ter anunciado duas aquisições (Moy Park e Cargill Pork) em pouco mais de uma semana. Juntas, as transações devem movimentar US$ 2,95 bilhões após sua conclusão. 

– Consideramos estratégicas estas duas oportunidades e não escolhemos o momento em que elas surgiram. Mas fizemos as duas aquisições e elas não mudam a nossa direção – afirmou.

Segundo Batista, a JBS segue focada na melhora de seu desempenho operacional, geração de fluxo de caixa, redução da alavancagem e em garantir o retorno do capital investido. O executivo também argumentou que a compra da Cargill Pork tem sinergias e é complementar à “nossa estratégia de expansão nos produtos processados de maior valor agregado”. 

– A operação de suínos toma uma relevância mais equilibrada dentro do nosso mix (de proteínas) – afirma. O executivo também reafirmou que o foco da JBS nos próximos anos são os negócios em que a companhia já está. 

– A expansão se dará por aí – disse.

O CEO Global da JBS descartou novas compras de unidades de bovinos nos Estados Unidos. 

– Não temos a oportunidade de crescimento inorgânico devido ao nosso tamanho – explicou.

Em relação a suínos, Batista avalia que as empresas que atuam no país “dificilmente são oportunidades para médio e longo prazos”. Em relação ao segmento de aves, ele desconversou e disse apenas que o mercado “tem vários players” e que “continua tendo oportunidades”. Estas, no entanto, estão em menor número. Segundo o executivo, com a melhora da economia norte-americana, possibilidades de compra estão diminuindo.

Em relação à Pilgrim’s Pride Corporation (PPC), Batista afirma que a empresa tem sido “muito disciplinada e seletiva” após tentar, sem sucesso, adquirir a Hillshire Brands no ano passado. Segundo o executivo, “o mercado (financeiro) não deve pensar que a JBS ou a PPC farão algum movimento relevante fora da estratégia consolidada da companhia apenas porque os resultados da PPC estão bem fortes”. 

Na coletiva, o CEO da JBS USA, André Nogueira, disse estar focado na integração da Tyson Foods Mexico, cuja aquisição foi aprovada no mês passado.

Cargill

Questionado por investidores durante teleconferência, Batista afirmou que não pode precisar os motivos que levaram sua concorrente, a Cargill, a vender os ativos. 

– Agora foi o momento que a Cargill decidiu que estava aberta a conversar sobre a venda. Mas afirmo que esse negócio já é um namoro de vários anos do lado da JBS – comenta. 
  
As operações de suínos da JBS nos Estados Unidos devem ter receita líquida anual de US$ 6,3 bilhões com a compra da Cargill Pork, conforme Nogueira. A companhia alimentícia também prevê que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) seja de US$ 565 milhões. O cálculo do Ebitda considera a margem média da JBS USA Suínos dos últimos cinco anos, que foi de 8,3%, pois a empresa não tem autorização para divulgar dados privados da Cargill.

As sinergias da aquisição são estimadas em, no mínimo, US$ 75 milhões. Segundo Nogueira, a projeção é “extremamente conservadora” e considera fatores como a utilização da estrutura administrativa pré-existente, adoção de melhores práticas, facilidades na aquisição de suprimentos e embalagens, melhoras logísticas, expansão do portfólio em produtos preparados de alto valor agregado e a capacidade de incremento nas exportações. 

– Temos uma presença comercial mundial muito forte e isso obviamente ajudará o negócio como um todo – afirma o executivo.

Com a aquisição, a JBS USA assume duas unidades de processamento de suínos, cinco fábricas de ração e quatro unidades de genética da Cargill. Com isso, a capacidade produtiva da empresa passa a ser de 89,3 mil animais processados por dia e de 1,1 milhão de toneladas de ração. Segundo Nogueira, a compra permite à JBS acessar o mercado de animais de gestação coletiva e livres de antibióticos. 

– Estes produtos representam uma demanda crescente nos Estados Unidos, e também passamos a ter presença relevante na produção de bacon – diz Nogueira. 

As unidades compradas da Cargill têm capacidade de produzir dois milhões de libras por semana de bacon e cinco milhões de libras de produtos preparados.

Investimentos futuros

O dispêndio de capital (capex) da JBS USA deve ser menor no próximo ano, disse Wesley Batista. 

– Já estamos investindo bem nos negócios, de modo que os projetos com payback (retorno) atrativo vão diminuindo – justifica.

Ainda assim, André Nogueira afirmou que o guidance (projeção) da empresa para o capex (investimento) 2016 deve seguir em linha com o registrado este ano. 

– Ainda está cedo para discutir isso, mas para 2016 não imaginamos que haverá mudança significativa – diz.