A proposta está condicionada à manutenção parcial do número de postos de trabalho. O projeto foi apresentado pela companhia nesta manhã em reunião de conciliação com o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação de Alegrete. Desde que a companhia anunciou a decisão de fechar a unidade, na semana passada, autoridades, representantes sindicais e entidades do setor tentam evitar a demissão dos 600 funcionários que atuam no local.
Em nota, o TRT/RS explica que a Marfrig prometeu manter 250 trabalhadores no frigorífico de Alegrete e realocar até 120 colaboradores em outras plantas da empresa no Estado. A proposta será analisada pelo sindicato, que dará uma resposta no próximo encontro, marcado para quinta, dia 5 de fevereiro.
O recuo da Marfrig ocorre após o juiz José Carlos Dal Ri, titular da Vara do Trabalho do Alegrete, ter suspendido a possibilidade de desligamento dos colaboradores da Marfrig em Alegrete até que haja uma negociação coletiva entre a empresa e o sindicato da categoria. A liminar atendeu a pedido de antecipação de tutela ajuizado pelo Ministério Público do Trabalho, e a multa pelo descumprimento da ordem judicial foi fixada em R$ 100 milhões.
Na primeira reunião de conciliação, na última terça, dia 27, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação de Alegrete sugeriu que a Marfrig mantivesse o frigorífico em atividade por mais seis meses, período em que se buscaria viabilizar o funcionamento da planta de forma sustentável. A companhia, porém, prefere se comprometer com a continuidade das operações por um ano, com preservação parcial da força de trabalho. Cabe ao sindicato aceitar a proposição.
O secretário do Trabalho do Rio Grande do Sul, Miki Breier (PSB), que acompanha as negociações, explicou à reportagem que a proposta da Marfrig também prevê a criação de um plano de demissão voluntária. Além disso, o governo estadual assumiu o compromisso de oferecer cursos de qualificação para que os funcionários que sejam demitidos ou que peçam demissão possam se recolocar no mercado com mais facilidade.
Outra reivindicação da Marfrig diz respeito à matéria-prima. A empresa pede que o Estado avance na implantação de um sistema de identificação e rastreamento do gado, algo que há anos é reivindicado pela indústria. O governo gaúcho já demonstrou disposição em priorizar o assunto, mas a medida depende de negociação com os pecuaristas.
Ao anunciar a decisão de fechar a planta de Alegrete, no último dia 20, a Marfrig alegou que a unidade está deficitária e “sem perspectivas de mudança no curto e médio prazo”. Entre as dificuldades apresentadas estão a falta de matéria-prima e a necessidade de um alto investimento em melhorias estruturais.
O secretário do Trabalho acredita que o impasse com a Marfrig está se aproximando de uma solução positiva.
– Claro que o ideal seria manter todos os empregos. Mas, dada a perspectiva anterior que tínhamos, de fechamento imediato do frigorífico com perda de todos os empregos, considero a proposta atual satisfatória – avaliou.
Procurada pela reportagem, a Marfrig ainda não se pronunciou sobre a reunião de conciliação desta quinta.