A Marfrig Global Foods encerrou o segundo trimestre de 2015 com prejuízo de R$ 6,1 milhões, montante 88,8% inferior ao prejuízo registrado no mesmo intervalo do ano passado, de R$ 55,1 milhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 465,7 milhões entre abril e junho, com avanço de 68,3% ante o apurado um ano antes. A empresa também divulgou um Ebitda ajustado de R$ 415,3 milhões, com variação positiva de 41,3% ante o registrado no mesmo trimestre do ano passado.
A receita líquida da empresa totalizou R$ 4,728 bilhões no segundo trimestre do ano, com crescimento de 24,8% ante o registrado no mesmo período de 2014.
O resultado financeiro, excluindo os efeitos da variação cambial, foi de R$ 418 milhões negativos no segundo trimestre, o que representa uma queda de 20% em comparação aos R$ 524 milhões do primeiro trimestre do ano. A variação cambial foi de R$ 25 milhões positiva no período, influenciada pelo efeito da valorização do real frente ao dólar ao longo do trimestre.
Yuan
Segundo o vice-presidente de planejamento estratégico e diretor de relações com investidores, Marcelo Di Lorenzo, a decisão do Banco do Povo da China (PBoC) de desvalorizar abruptamente a moeda do país, o yuan, nesta terça, dia 11, não deve afetar negativamente as exportações de carne bovina ao mercado chinês nem as operações da Keystone no mercado asiático.
Ele afirmou que a previsão considera que não haja oscilações de câmbio relevantes no futuro, mas afirma que “fica pouco claro o que deve acontecer macroeconomicamente” na China.
Já Martin Secco, diretor-presidente da Marfrig, afirmou também que a empresa não espera começar embarques de carne bovina in natura para os Estados Unidos em agosto, conforme previsto pelo ministério da Agricultura após a abertura deste mercado.
– Não pensamos que seja em agosto em função das informações extraoficiais que temos. Nos sentiríamos confortáveis se elas pudessem começar antes do fim do ano – disse.
A declaração está em linha com a de executivos da Minerva Foods, que declararam em teleconferência com analistas na semana passada que também não esperam o início das vendas in natura este mês, mas que estão confiantes de que isso deve ocorrer ainda em 2015. A Minerva especula que o atraso tenha relação com o lobby de produtores norte-americanos, que há anos tentam impedir a entrada da carne brasileira no país.
Independentemente disso, a Marfrig diz não esperar aumento significativo em sua produção por causa da demanda chinesa ou norte-americana. Segundo Secco, o objetivo da companhia é obter uma melhor precificação das toneladas embarcadas para aumentar sua rentabilidade.
A respeito da Rússia, um dos principais compradores dos produtos brasileiros, o diretor-presidente afirma que ainda vê “compras esporádicas” e não espera “recuperação significativa no segundo semestre”. Já o Irã e Egito “continuam operando de forma absolutamente regular”, inclusive com novas habilitações de plantas.
Segundo Secco, o mercado de Hong Kong também permanece “absolutamente aberto”. A exportação à província semiautônoma tem caído em 2015 e, segundo analistas, o declínio se deve a uma postura mais dura por parte do governo chinês para coibir remessas de produtos ilegais que chegam à porção continental do país via Hong Kong.
Fábricas
A Marfrig Global Foods informou ter fechado cinco fábricas no Brasil este ano, de um total de 15 em operação. Com a medida de ajuste produtivo, a companhia reduziu em 29% a sua capacidade instalada e tem por meta manter mais de 90% deste potencial em uso.
– Há seis semanas a utilização está acima de 95% – destaca Martin Secco.
A mudança resultou na demissão de quase 2,346 mil trabalhadores, mas a companhia afirma que não causou uma queda em sua produção, já que demandas foram realocadas para fábricas ainda em funcionamento.
O ajuste produtivo foi feito pela empresa em meio à menor disponibilidade de bois no mercado interno e aos processos de melhoria da operação no Brasil. Secco afirma que todas as unidades fechadas estão em condições perfeitas de utilização e podem ser reabertas “em função de mudanças significativas no futuro”. O presidente, no entanto, descarta que as fábricas sejam reabertas ainda este ano.
– Também não temos previsão para realizar novas adequações – diz Secco.