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Mercado do boi gordo deve continuar firme em 2016, diz Scot

Oferta deve se manter ainda limitada pela queda no confinamento de animais na entressafra

Fonte: Flavya Pereira/Canal Rural

Com uma oferta ainda restrita de animais para o abate, valores altos pelos bovinos para a reposição e uma maior retenção de fêmeas, o mercado do boi gordo deve seguir com preços altos e sustentados ao menos até 2016, segundo avaliação de Alcides Torres e Hyberville Neto, da Scot Consultoria. A oferta deve se manter ainda limitada pela queda no confinamento de animais na entressafra. No entanto, a crise brasileira deve frear ainda mais o consumo de carne bovina e frear altas nos preços da arroba em 2016.

– Se não esperamos aumento de oferta de animais no próximo ano, a preocupação para limitar os preços deve ser a demanda – disse Torres.

Desde início de 2013 até setembro deste ano, houve uma alta de 50% nos preços nominais da arroba do boi. Nos últimos 12 meses a alta nominal alcança 12%, ou 3% real e a média de preços nominais da arroba foi 20,3% maior nos oito primeiros meses de 2015, ante igual período de 2014, um aumento real em torno de 11%.

A sustentação dos preços este ano ocorreu pela queda no abate de bovinos, de 16,9 milhões para 15,4 milhões de cabeças, se comparados os primeiros semestres de 2014 e 2015.

– A queda dos abates de 9% de animais terminados este ano tem sido o esteio firme dos preços – disse Neto.

Além disso, houve a retenção de fêmeas, que reduziu a participação desses animais no total de abate de 46,2% na primeira metade de 2013, para 45,6% em igual período de 2014 e a 43% entre janeiro e junho de 2015. Esse processo deve, segundo a consultoria, melhorar a oferta de bezerros e de animais de reposição só em 2017.

– A expectativa do curto prazo é de preços firmes, mas a economia pode atrapalhar. O aumento do desemprego, a renda menor e o poder de compra consumido pela inflação devem impactar o consumo de carne no país – concluiu Neto. 

Margens

Sobre a indústria frigorífica, a Scot Consultoria constatou que ela conseguiu recuperar as margens de comercialização para entre 20% e 25%, após um forte ajuste no setor, com o fechamento de plantas industriais ociosas e ainda a redução do quadro de funcionários. O corte chegou a 12,5 mil trabalhadores nos 12 meses encerrados em agosto, segundo dados do Ministério do Trabalho.

Cálculos da Scot apontam que esse corte represente uma redução de 2,75 milhões de cabeças abatidas em um ano, um volume considerado dentro do normal. No primeiro semestre deste ano a queda foi de 1,5 milhão de cabeças abatidas ante igual período de 2014, de 16,9 milhões para 15,4 milhões de cabeças. 

A queda da margem dos frigoríficos começou a se tornar evidente em meados do ano passado, com a disparada no preço da arroba paga ao produtor e a dificuldade de repassar esse aumento para os mercados interno e externo com a demanda retraída. Com isso, a margem média das companhias desde 2012, de 22,2%, caiu a 10,2%, em junho e o ajuste foi intensificado nos últimos três meses.

– Esse ajuste foi necessário e saudável para o negócio. Hoje temos um raro momento em que todos os elos da cadeia estão ganhando – avaliou Alcides Torres, da Scot Consultoria, durante evento da consultoria. 

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