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Embrapa: sêmen refrigerado eleva taxas de prenhez em bovinos

Pesquisa realizada no Pantanal detectou aumento de dez pontos percentuais no índice, em relação à média obtida pelos gametas congelados

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Foto: Josimar Lima/Embrapa

Pesquisa realizada pela Embrapa Pantanal, com participação da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), constatou aumento de dez pontos percentuais na taxas de prenhez ao utilizar sêmen refrigerado no lugar de congelado na inseminação artificial bovina. “Ou seja, em vez de atingir 50% de prenhez, que era o previsto, chegamos a 60%, obtendo 20% de bezerros a mais com essa técnica”, conta a pesquisadora Juliana Corrêa.

As primeiras pesquisas coletaram o sêmen de três touros melhoradores em uma propriedade próxima a Corumbá (MS) e o levaram, refrigerado a 5ºC, de avião a uma fazenda o Pantanal do Paiaguás, no mesmo estado, para usá-lo na inseminação das fêmeas 24 horas após a coleta.

O estudo comparou cerca de 400 bovinos sob essas condições; outras 400 vacas foram inseminadas com protocolos regulares, utilizando sêmen congelado dos mesmos animais. “Tivemos 49,9% de prenhez com o congelado e 59,9% com o refrigerado. É um número bem significativo”, atesta a cientista da Embrapa.

Como e por que funciona?

De acordo com Corrêa, o sêmen refrigerado é colhido, diluído e mantido a uma temperatura de 5ºC até o momento da inseminação. Já o congelado, aplicado frequentemente em biotécnicas como a inseminação artificial em tempo fixo (IATF), é colhido e mantido a -196°C até seu uso.

Para a pesquisadora, o aumento das taxas de prenhez obtidas com o sêmen refrigerado ocorre pela preservação da membrana plasmática do espermatozoide, que sofre variações menores de temperatura em relação ao congelado – aumentando, assim, sua viabilidade.

Para contornar o problema, a equipe passou a investigar a viabilidade do sêmen refrigerado. O desafio envolveu a determinação da temperatura em que o sêmen deveria ser mantido, por quanto tempo poderia ser conservado após a coleta e outros fatores.

Não é qualquer um que sabe fazer

A cientista esclarece que a utilização do sêmen refrigerado requer um profissional qualificado, assim como o trabalho com outras biotécnicas aplicadas nos rebanhos bovinos. “É um nicho de mercado para o veterinário de campo que faz essa IATF, por exemplo. Ele já vai estar na fazenda para a inseminação; se treinar para manipular o sêmen dessa maneira, pode coletar o material, agregar valor ao seu trabalho e ainda aumentar a taxa de prenhez do rebanho que atender”, recomenda.

Nova call to action

Logística também é um fator importante, mas a pesquisadora assegura que o uso do sêmen refrigerado demanda poucas exigências para sua efetividade. Prova disso foi o sucesso da sua aplicação na região do Pantanal, que por vezes oferece dificuldade de acesso às propriedades e aos animais em função da grande extensão das fazendas. “Uma vantagem da técnica é que, como você não congela o material, não temos as desvantagens do descongelamento. Tiramos as palhetas da caixa, que chegaram a 5ºC, e já montamos o aplicador. Não colocamos na água para descongelar. Por isso, o processamento é mais simples.”

Corrêa frisa os cuidados de manuseio da caixa com o material, pois ele pode sofrer choque térmico durante a abertura. “Quando abrimos aquela caixa, ela já vai de 5ºC para 15ºC”, revela. Ela ressalta ainda a importância de se trabalhar com touros melhoradores nesse processo. “Não queremos usar o sêmen refrigerado de qualquer animal. Já que o produtor paga mais caro pelo touro melhorador (…), compensa fazer a IATF com esse sêmen para aumentar a prenhez e ter mais chances de difundir esse material genético ao mesmo tempo, tendo maiores vantagens no retorno do investimento e na qualidade dos animais que ele vai produzir.”

Novos estudos sobre a durabilidade

As pesquisas com a equipe da Embrapa Pantanal focam, agora, na relação entre a longevidade do período de resfriamento e as taxas de prenhez. Comparando sêmens com 24 e 48 horas de resfriamento, a equipe não notou diferenças significativas nos resultados. “Isso é muito bom pois mostra que, se usarmos o sêmen em até 48 horas depois de ser processado, manteremos a prenhez”, comemora.

Já os experimentos realizados durante a estação de monta 2018/2019 vão além. “Estamos avaliando o intervalo de 72 horas para ver em que momento essa taxa cai e quando ela fica igual à obtida com o congelado. Essa informação é essencial para aumentar o uso do sêmen refrigerado, pois facilitaria sua logística.”