Preço do bezerro pode subir 10% em 2015

Valores atingirão neste ano pico da alta iniciada em 2013, diz Scot ConsultoriaOs preços recordes do bezerro em ao menos 30 anos devem seguir firmes em 2015, com potencial de alta de 5% a 10%, segundo avaliação do zootecnista e diretor da Scot Consultoria, Gustavo Aguiar. 

Fonte: Pixabay/Divulgação

Segundo ele, os valores de R$ 1,3 mil a R$ 1,4 mil pelos animais desmamados são o pico de uma série sazonal de três a quatro anos, iniciada em 2013 e ainda são sustentados por conta do alto do abate de fêmeas, que se mantém em 40% da oferta dos bovinos levados aos frigoríficos.

– A oferta de bezerros não deve ampliar no curto prazo e não deve ser recomposta em 2015. O abate de fêmeas mantém-se alto, mas já há a perspectiva de retenção o que deve melhorar a oferta dos bezerros entre 2016 e 2017 – afirmou Aguiar no Encontro de Recriadores da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto (SP).

Portanto, segundo Aguiar, 2015 será o ponto de equilíbrio para a alta dos preços dos bezerros. Ele lembra que até abril de 2013 dificilmente os preços do boi e bezerro ultrapassavam a inflação acumulada e ficavam bem abaixo dos custos de produção. Desde então, em 2013 os preços do bezerro avançaram quase 80%, os valores da arroba do boi cresceram quase 50%, enquanto inflação e custos variaram de 10% a 15%.

– Dificilmente vamos observar uma variação de quase 80% em dois anos para qualquer commodity – disse o diretor da Scot Consultoria.

Se considerado apenas o ano passado, os preços do bezerro tiveram maior valorização na Bahia, com 64,1% e no Maranhão, com aumento de 56,5% de alta, principalmente por conta da estiagem e ainda pelos preços de referência mais baixos no início do ciclo de alta. Já nos principais mercados o bezerro subiu 40% em Mato Grosso, 42,5% em Mato Grosso do Sul, 40,7% em Goiás e 41,7% em São Paulo no ano passado.

– A média de alta de 40% nesses Estados é o dobro do boi (que subiu 20%) – concluiu Aguiar.

Próximo ano

Mesmo com os preços recordes, a recria de bezerros para terminá-los em confinamento e ao abate em 2016 ainda será rentável aos pecuaristas, na avaliação do analista Alex Lopes. No entanto, segundo ele, a tendência de decréscimo nos preços da carne bovina, a partir do próximo ano, pode trazer risco ao pecuarista que fizer a recria e apostar em terminar o animal no pasto em um período de dois anos e meio, ou seja, em 2017.

– O pecuarista que for terminar o animal em 2017 corre o risco de pagar o bezerro caro e vender o boi barato, o pior cenário possível para o produtor – disse Lopes durante o evento.

Para o analista, outro cenário que ainda pode ser lucrativo é o pecuarista comprar boi magro e apenas terminá-lo em confinamento no ano que vem, mas com maiores riscos.

Dados da Scot apresentados no evento mostram um retorno sobre o investimento de 24,74% com a operação feita com o bezerro no último ano, ante um retorno de apenas 7,54% com o boi magro terminado para o abate.

– Quem recriou teve um retorno maior do que quem comprou o boi magro. E como o boi magro também está caro (como os bezerros) ainda é interessante a recria – afirmou Lopes.