Segundo ele, os valores de R$ 1,3 mil a R$ 1,4 mil pelos animais desmamados são o pico de uma série sazonal de três a quatro anos, iniciada em 2013 e ainda são sustentados por conta do alto do abate de fêmeas, que se mantém em 40% da oferta dos bovinos levados aos frigoríficos.
– A oferta de bezerros não deve ampliar no curto prazo e não deve ser recomposta em 2015. O abate de fêmeas mantém-se alto, mas já há a perspectiva de retenção o que deve melhorar a oferta dos bezerros entre 2016 e 2017 – afirmou Aguiar no Encontro de Recriadores da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto (SP).
Portanto, segundo Aguiar, 2015 será o ponto de equilíbrio para a alta dos preços dos bezerros. Ele lembra que até abril de 2013 dificilmente os preços do boi e bezerro ultrapassavam a inflação acumulada e ficavam bem abaixo dos custos de produção. Desde então, em 2013 os preços do bezerro avançaram quase 80%, os valores da arroba do boi cresceram quase 50%, enquanto inflação e custos variaram de 10% a 15%.
– Dificilmente vamos observar uma variação de quase 80% em dois anos para qualquer commodity – disse o diretor da Scot Consultoria.
Se considerado apenas o ano passado, os preços do bezerro tiveram maior valorização na Bahia, com 64,1% e no Maranhão, com aumento de 56,5% de alta, principalmente por conta da estiagem e ainda pelos preços de referência mais baixos no início do ciclo de alta. Já nos principais mercados o bezerro subiu 40% em Mato Grosso, 42,5% em Mato Grosso do Sul, 40,7% em Goiás e 41,7% em São Paulo no ano passado.
– A média de alta de 40% nesses Estados é o dobro do boi (que subiu 20%) – concluiu Aguiar.
Próximo ano
Mesmo com os preços recordes, a recria de bezerros para terminá-los em confinamento e ao abate em 2016 ainda será rentável aos pecuaristas, na avaliação do analista Alex Lopes. No entanto, segundo ele, a tendência de decréscimo nos preços da carne bovina, a partir do próximo ano, pode trazer risco ao pecuarista que fizer a recria e apostar em terminar o animal no pasto em um período de dois anos e meio, ou seja, em 2017.
– O pecuarista que for terminar o animal em 2017 corre o risco de pagar o bezerro caro e vender o boi barato, o pior cenário possível para o produtor – disse Lopes durante o evento.
Para o analista, outro cenário que ainda pode ser lucrativo é o pecuarista comprar boi magro e apenas terminá-lo em confinamento no ano que vem, mas com maiores riscos.
Dados da Scot apresentados no evento mostram um retorno sobre o investimento de 24,74% com a operação feita com o bezerro no último ano, ante um retorno de apenas 7,54% com o boi magro terminado para o abate.
– Quem recriou teve um retorno maior do que quem comprou o boi magro. E como o boi magro também está caro (como os bezerros) ainda é interessante a recria – afirmou Lopes.