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Boi

Preço do boi gordo já caiu quase 8% em janeiro, aponta Cepea

Além do cenário mais calmo na programação de abate, a exportação apresenta menor ritmo quando comparada a dezembro, o que limita altas mais expressivas

nelore arroba do boi gordo
Scot Consultoria afirma que movimento de queda é pontual porque a China, uma das principais consumidoras do produto brasileiro, ainda sofre com a peste suína africana. Foto: Pixabay

As cotações da arroba do boi gordo já caíram 7,9% em janeiro, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). No fechamento desta terça-feira, 21, o indicador do boi gordo Cepea/B3, caiu para 190,60 por arroba. Na B3, o contrato para janeiro, o mais negociado do dia, fechou a R$ 189.

A consultoria Agrifatto comenta que as programações de abate seguem encurtadas, mas os valores continuam andando de lado. “As indústrias continuam afastadas das compras, cautelosas em adquirir matéria prima, movimento que acaba se intensificando com a segunda quinzena do mês”, diz em boletim.

Além desse cenário mais calmo no mercado interno, as exportações com menor ritmo, quando comparadas a dezembro, também acabam limitando altas mais expressivas na arroba.

Ainda sobre o mercado externo, o destaque desta semana foi a notícia de que a China quer renegociar os preços da carne bovina brasileira. Com isso, algumas empresas brasileiras que fizeram empréstimos agora têm dificuldades para receber os valores acertados.

Segundo Gustavo Rezende, analista de mercado da Agrifatto, os pedidos de renegociação de países importadores são comuns. “É relativamente comum, alguns países fazem isso com uma frequência maior, como é o caso da Rússia, que sempre exercesse uma pressão nos países exportadores para baixar os preços das proteínas”, explica.

“O que acontece no caso da China, é que o problema foi grave em relação a peste suína, onde o país precisou comprar muita carne e com isso a inflação sobre os alimentos subiu expressivamente. A inflação de alimentos encerrou 2019 acima de 15%, sendo que no início do ano passado o índice estava em 2%. Então agora eles também querem pressionar preços, mas isso não está resolvendo o problema, e a disponibilidade de animais jovens para atender a demanda chinesa também é menor neste período”, finaliza.

Tendência

A Scot Consultoria afirma que o movimento de queda da arroba já era esperado pois neste período do ano, o consumo de carne bovina é menor. “Nós temos muita gente de férias e isso muda muito a dieta e se consome menos”, explica o diretor da empresa, Alcides Torres. Além disso, ele afirma que o início do ano é marcado por um período em que a população precisa arcar com gastos extras, como impostos e taxas. Outro fator que puxa o preço da arroba para baixo é a maior presença dos pecuaristas no mercado, com aumento das vendas se concentrando em janeiro.

Apesar disso, Torres afirma que o movimento de queda é pontual. Isso porque a China, uma das principais consumidoras do produto brasileiro, ainda sofre com a peste suína africana – doença que já dizimou o plantel de suínos do país. “A peste lá tem se disseminado e as medidas realizadas (para controlar a doença) não foram suficientes”, afirma.

Esse cenário de demanda chinesa ainda aquecida aliada à menor oferta de animais no Brasil é fator que deve manter os preços sustentados. “A tendência é de mercado comprador em 2020, melhor até que 2019”, projeta. No entanto, ele acredita que os valores do boi gordo não devem voltar ao patamar entre R$ 230 e R$ 250 por arroba.

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