Um trabalho desenvolvido pela Emater-MG, em parceria com outras instituições, está estimulando agricultores do norte de Minas a cultivar palma forrageira. A ideia é utilizar a planta juntamente com outras culturas, como o sorgo, milho e milheto, na alimentação complementar do rebanho bovino.
O trabalho teve início na safra 2011/2012, quando foram implantados campos de multiplicação de palma forrageira, em áreas de agricultores familiares. Na safra 2013/2014 foram distribuídas 42 mil mudas da planta para 39 agricultores. Os beneficiados assumiram o compromisso de doar uma parte do material produzido no primeiro ano para outros agricultores.
“Agora, estamos avançado em um trabalho integrado de ensino, pesquisa, extensão e gestão, em parceria com a Universidade Estadual de Montes Claros, Epamig, Embrapa e a Cooperativa Crescer. Estamos formalizando um Termo de Cooperação Interinstitucional”, diz André Mendes Caxito, coordenador Técnico da unidade regional da Emater-MG em Janaúba.
Entre os objetivos desse termo está a implantação de uma Unidade de Referência Tecnológica de Palma Forrageira (URT Palma), no município de Porteirinha. Uma das propostas é realizar um processo de transferência de tecnologia para os produtores da região, além de ser um campo de multiplicação de palma forrageira. De acordo com André Caxito, outro objetivo do termo de cooperação é desenvolver uma pesquisa relacionada com a palma forrageira na composição de dietas de vacas leiteiras.
Ainda segundo o coordenador regional da Emater-MG, a palma forrageira é uma cultura típica do semiárido brasileiro, com área aproximada de 400 mil hectares. Ele explica que trata-se de uma cultura com ampla adaptação climática e que exige uma nutrição adequada devido a alta extração de nutrientes do solo. André Caxito ressalta que o pré-plantio é uma etapa fundamental no processo. É nesse momento que ocorre a seleção e o preparo das mudas, que devem ficar na sombra por 15 dias para a cicatrização do corte realizado. No preparo de solo, explica o técnico, deve ser avaliado o grau de compactação da área e, em muitos casos, é preciso fazer a subsolagem, aração e gradagem. O alinhamento de plantio obedece a declividade do terreno. Caso seja plano, o ideal é plantar no sentido leste-oeste.
“A cultura da palma forrageira, quando bem manejada, é sinônimo de segurança produtiva para o agricultor familiar. Ela é altamente eficiente no uso da água e da radiação solar. Quando bem conduzida, ela consegue passar pelo período de estiagem e pelo período da seca”, diz Caxito.
Para o técnico, o principal custo de implantação da lavoura é na aquisição das mudas. No entanto, segundo ele, “o agricultor não precisa fazer um investimento alto, adquirindo muitas mudas, pois ele mesmo poderá multiplicar o próprio material produzido em sua propriedade, ampliando o seu palmal nos anos seguintes” afirma. Após um ano de cultivo, a palma cultivada pode servir como mudas e na alimentação do rebanho.
A Emater-MG orienta os agricultores a acrescentar a palma forrageira na alimentação complementar do rebanho juntamente com o milho, o sorgo e milheto. “A planta pode chegar a 40% na composição da silagem de sorgo, por exemplo. Se a estiagem for severa, pode haver um comprometimento das lavouras de sorgo, afetando a quantidade e a qualidade do material produzido. A palma entra como segurança produtiva, pois ela passa pela estiagem sem comprometer a quantidade. No período da seca, ela está adequada para fazer parte da ração, sendo inserida junto com a silagem”, explica o coordenador regional da Emater-MG.