Ao longo de toda a semana, representantes de vários países da América Latina, integrantes do Ministério da Agricultura e Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul participam de um treinamento sobre a mosca-da-bicheira que vai apresentar informações sobre o controle de população do inseto por meio da tecnologia nuclear. O assunto vem sendo tratado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em conjunto com o Serviço Veterinário Oficial dos países do continente.
O projeto da agência tem o objetivo de utilizar a tecnologia nuclear para esterilizar os machos das moscas com irradiação, reduzindo a população.
As larvas da mosca-da-bicheira se alimentam de tecido vivo e são postas em ferimentos pré-existentes em animais de sangue quente, provocando queda na produtividade e até a morte de bovinos, ovinos e outros. No Brasil, os prejuízos podem alcançar U$ 380 milhões por ano, conforme estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Segundo o coordenador geral de sanidade animal do Mapa, Jorge Caetano Júnior, o controle do inseto precisa ser feito em conjunto entre os territórios afetados. Atualmente, a mosca (C. Homnivorax) só está presente em países da América Latina.
A forma de identificar a mosca, dentre tantas espécies existentes e o conhecimento da epidemiologia da doença, são alguns dos aspectos que serão abordados ao longo desta semana. Além do Brasil, participam do treinamento representantes do Serviço Veterinário Oficial da Argentina, Bolívia, Equador, Honduras, Nicarágua, Panamá, Peru, Paraguai, República dominicana e Uruguai. O presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal, Rogério Kerber, explica que o controle de pragas na pecuária é fundamental “especialmente quando refletimos sobre o trânsito global de pessoas, animais e produtos”.
Erradicação
A mosca já foi erradicada nos Estados Unidos, Canadá e México através de um sistema de esterilização de machos. O representante do Panamá, Osvaldo Alvarado, explica que há 20 anos o país iniciou o programa de controle da mosca por meio da pulverização de machos estéreis e conscientização dos produtores para a notificação da presença de insetos.
“Atualmente continuamos com o controle apenas na fronteira com a Colômbia, em função de uma densa floresta que conta apenas com fauna silvestre. Nas demais regiões já está totalmente controlada”, explica. No Panamá os prejuízos chegaram a U$ 100 milhões, em um rebanho de pouco mais de 1,5 milhão de cabeças.
O encontro deve abordar temas como epidemiologia e ecologia das populações da mosca e acontece até sexta-feira, 11 de outubro, no Hotel Intercity em Porto Alegre.