A Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) inverteu sua expectativa para o confinamento em 2015 e agora trabalha com a hipótese de queda na quantidade de bois engordados a cocho.
A entidade, que consulta produtores associados regularmente a respeito da sua intenção de confinar, não descarta a possibilidade de retração de até 10% nesta oferta este ano.
– Na próxima pesquisa já esperamos identificar uma queda, porque os grandes confinamentos não estão lotados – afirmou o gerente-executivo da instituição, Bruno Andrade.
Durante o primeiro semestre, produtores estiveram otimistas com a perspectiva de confinar este ano, já que os preços dos grãos se encontram em patamares favoráveis. Com isso, o primeiro levantamento de intenções da Assocon, realizado em fevereiro, mostrou expectativa de alta de 7,65% no confinamento de animais por seus associados, totalizando 828 mil bois este ano, ante 769 mil cabeças em 2014.
No entanto, as expectativas se depararam com os custos firmes para a aquisição dos bois magros, dada a oferta escassa deste ano. Em junho, a Assocon liberou prévia do seu segundo estudo de intenções de confinamento e já indicou um crescimento menor, de 5,33%, com pouco mais de 800 mil cabeças engordadas sob este sistema este ano.
– Uma coisa é o que o produtor quer fazer, outra é o que ele acaba realizando por causa dos custos de produção – observa Andrade.
Do início de abril ao fim de junho, os preços do boi magro avançaram em Goiás (2,1%, para R$ 1,940 mil por cabeça), estado que mais confina animais no País. Os custos também subiram em Mato Grosso (5,2%, a R$ 1,830 mil) e ficaram firmes em São Paulo (0,5%, a R$ 1,970 mil). Os valores são da Scot Consultoria e se referem ao boi magro com 12 arrobas.
Diante de um mercado firme, grandes confinadores, que mantêm mais de cinco mil bois por giro, previram que a rentabilidade do confinamento seria limitada e abortaram parte de seus planos. Ao mesmo tempo, os preços da BM&FBovespa atingiram mínimas para o ano ao fim de julho (R$ 143 por arroba para o contrato novembro e R$ 141 para o vencimento outubro), o que comprimiu a remuneração de produtores que já tinham optado por confinar.
Desde então, os valores tornaram a subir (R$ 147 para outubro e R$ 148 para novembro), mas tarde demais para incentivar a maioria dos pecuaristas a confinar.
– A alta da BM&FBovespa não afeta de forma prática, porque já estamos no fim de agosto. Podem surgir ofertas um pouco maiores em alguns confinamentos, para abate no fim de novembro, mas não observamos um movimento muito grande – opina Andrade.
O gerente-executivo da Assocon ressalta que o preço do boi magro no país “teve uma leve queda nos últimos meses”, mas por causa da menor demanda, de modo que isso também não deve estimular o confinamento.
– Os preços ainda estão em patamares superiores aos do ano passado – observa.
Mato Grosso
O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), assim como a Assocon, também observou a resistência de confinadores ante o custo para a aquisição do boi magro.
Em seu primeiro levantamento de intenções, realizado em abril, a perspectiva era confinar 789,6 mil cabeças (24% ante 2014). Na segunda pesquisa, realizada em julho, o Imea previu queda de 2,5%, para 620,5 mil animais.