A inovação é a chave para o desenvolvimento da pecuária sustentável no Brasil, na opinião do diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e presidente do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), Fernando Sampaio. “Terra deixou de ser o valor mais importante na produtividade e hoje é a tecnologia”, afirmou Sampaio durante o seminário “A pecuária está preparada para o sucesso?”, realizado na manhã desta terça, dia 16, em São Paulo, pelo GTPS e pela consultoria Agroconsult.
O objetivo do evento é discutir os avanços e as perspectivas futuras de todos os elos da cadeia de valor da pecuária bovina brasileira. Para Sampaio, o Brasil tem o potencial de aumentar sua produção pecuária, sem precisar estender suas áreas de pastagens.
O caminho, segundo ele, é a aplicação de tecnologias no campo, como manejo de pastos e ferramentas de melhoria de carcaça. Ele citou ainda o uso da técnica de melhoramento e ganho de carcaça.
Processo de exclusão da pecuária
No caminho pela busca de aumento da produtividade, uso de tecnologia, melhora de indicadores ambientais e outras exigências do mercado, haverá uma exclusão significativa de produtores na pecuária brasileira, afirmou o engenheiro agrônomo e sócio da Agroconsult, André Pessôa, no seminário.
Segundo Pessôa, dos cerca de 1,7 milhão de pecuaristas que existem no Brasil, apenas cerca de 300 mil operam em níveis de tecnologia que tornam viável economicamente sua sobrevivência. Este grupo tende a cada vez mais dominar o mercado e, consequentemente, excluir aqueles que estão atrás, com níveis de produtividade bem menores. Ainda de acordo com os dados apresentados pelo analista, 50 mil pecuaristas operam em nível de produtividade, no mínimo, 2,5 vezes acima da média nacional e cerca de 250 mil estão em risco de serem excluídos pela intensificação tecnológica dos mais eficientes.
“Temos ainda gente produzindo menos de 3 arrobas por hectare/ano e outros com mais de 30 arroba por hectare/ano”, afirmou. Essa característica tão heterogênea da cadeia pode impactar negativamente a evolução do setor em questões ambientais, tema do evento desta terça-feira, segundo o analista. A avaliação é que enquanto grupos devem evoluir em indicadores ambientais, outros podem apresentar retrocessos que podem se refletir no resultado geral da cadeia. “As formas que usamos para agricultura não serão necessariamente adequadas para uma cadeia tão heterogênea como é a pecuária”, disse Pessôa.
Para o analista, o setor precisa criar estratégia para incluir estes grupos com o menor uso de tecnologia. “Poucos terão condições de ir para a série A, mas este público da série B deve fazer parte de nossas estratégias”, disse, fazendo uma analogia com futebol.