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Brasília

Vaca louca: autoembargo com China pode ser revisto, diz ministro

Fávaro não deu um prazo para o início dessas tratativas e afirmou que tudo vai depender da transparência do caso atual

Em entrevista ao Canal Rural, o ministro da Agricultura e da Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou que é possível que o acordo de autoembargo das exportações de carne bovina para a China seja revisto.

As exportações da proteína animal foram temporariamente suspensas nesta quinta-feira (23), em razão da confirmação de um caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), popularmente conhecida como doença da vaca louca.

Algumas entidades do setor criticaram o atual protocolo sanitário firmado entre os dois países firmado em 2015, que prevê a suspensão das exportações, mesmo diante da confirmação da atipicicidade — quando a doença acontece de forma natural, em razão de idade avançada do animal.

“É o protocolo que foi construído, é aquilo que foi possível num momento anterior para nós abrirmos a exportação. E a exportação para a China é muito relevante para o Brasil, é algo em torno de US$ 8 bilhões por ano, 61% das nossas exportações. Então, foi uma exigência feita por eles que nós tínhamos a possibilidade de acatar ou não abrir o mercado”, afirmou o ministro.

Fávaro não deu um prazo para o início dessas tratativas e afirmou que tudo vai depender da transparência com que o caso está sendo tratado agora.

A amostra do exame que confirmou a EEB em um touro de nove anos, criado em pasto, no Pará, foi encaminhada para análise do laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), em Alberta, no Canadá, onde poderá ser confirmada a ocorrência atípica da doença.

“Foi uma decisão assertiva de quem me antecedeu. Agora, a partir do momento em que a gente mostra toda essa transparência quando é detectado um caso, toda essa celeridade — tanto na comunicação quanto nas análises, a gente ganha credibilidade e podemos chamá-los a rever este protocolo. Mas tudo a seu tempo, tudo na hora certa”, afirmou o ministro.

Reunião com o governo chinês

Carlos Fávaro recebeu o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, em reunião realizada na manhã desta quinta-feira (23) para prestar esclarecimentos sobre o trabalho que está sendo desenvolvido pelo governo brasileiro para monitoramento do caso.

O embaixador chinês destacou que aprecia o fato do Brasil ter cumprido prontamente o protocolo sanitário e reforçou a intenção de promover a cooperação agrícola entre os países, tendo em vista que o comércio da carne bovina brasileira é muito importante para ambos.

A China é o principal destino das exportações e, da mesma forma, a proteína do Brasil é o principal mercado para os consumidores chineses.

Ao Canal Rural, Fávaro afirmou ainda que chegou a sugerir uma ida dos secretários de Relações Internacionais e de Defesa Animal à China para prestar mais informações. No entanto, o embaixador chinês disse que não era necessário.

Retomada das exportações

Na avaliação do ministro, após a confirmação de que trata-se de um caso atípico, as exportações devem ser retomadas com celeridade.

“O primeiro sinal já é muito positivo, o governo chinês disse que não precisava, que já estava tendo todas as informações necessárias e que o processo estava sendo muito bem conduzido”, disse.

“Eu quero crer que, a partir do momento que chegar o material para análise no Canadá, que deve ser neste final de semana, mais dois ou três dias, para análise acontecer lá, o processo deve já começar a evoluir para volta e a retomada natural das nossas exportações”, destacou o chefe da pasta.

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