Dos 60 animais de leite do criador Paulo Sérgio Tófoli, de Astorga (PR), 22 serão sacrificados. São 21 vacas e um touro, todos saudáveis. Mas os exames, feitos pelo Ministério da Agricultura, acusaram resíduo de proteína animal na alimentação que receberam. Um brinco vermelho identifica os que estão condenados pelos fiscais federais. Atualmente, os cochos têm somente silagem de cana, mas o criador admite que alimentou o gado com a chamada cama de aviário, que contém cascas de arroz, mas também restos de ração e até fezes das aves.
? Fiquei uns quatro meses sem dar, mas a seca estava judiando. Todo mundo estava dando, por que eu não? ? questiona o produtor.
O criador calcula que vai perder cerca de R$ 3 mil por mês. Esta é a renda média com os 180 litros diários de leite que as vacas produzem. O touro foi comprado há pouco tempo, mas também será abatido. O produtor deve ser indenizado, mas diz que vai demorar para recuperar a produção de leite e a renda. Ele integra a maioria dos produtores rurais de Astorga, que tem a economia agrícola sustentada em pequenas propriedades leiteiras. Para o Ministério, as ações são indispensáveis.
O Ministério da Agricultura explica que, além da cama de aviário, podem existir rações com farinhas de carne e de ossos fabricadas a partir de animais que não estariam totalmente saudáveis. Estes alimentos podem conter uma proteína infectante responsável pela doença da vaca louca. O Ministério da Agricultura também esclarece que a doença não existe no Brasil, por isso, o trabalho de abate seria uma importante prevenção contra o problema.
A fiscalização aconteceu por amostragem e está baseada em três instruções normativas, a mais antiga é de 2004. O Brasil tem perto de 200 milhões de cabeças de gado. Em Mato Grosso do Sul 1.599 animais foram sacrificados desde o início do ano.
O rebanho bovino do Paraná é de 9,5 milhões e meio de animais. Dos 399 municípios do Estado, 34 foram visitados e 84 propriedades rurais de pequeno, médio e grande porte. Os testes para resíduos animais na alimentação deram positivo em 405 cabeças e mais da metade foi abatida. O trabalho deve ser finalizado nos próximos 30 dias. Segundo o Ministério, o Brasil está se protegendo contra a entrada da doença da vaca louca, que já causou muito prejuízo na Europa.
? O prejuízo num país como o Brasil, que exporta para mais de 180 países, é em bilhões de dólares. E não é só o prejuízo econômico, mas também o prejuízo social, de emprego na agricultura e na pecuária. Nós vamos perder se não tivermos um controle eficiente dessa doença ? afirma o superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, Daniel Gonçalves.
Deve ser divulgado em 15 dias um laudo definitivo sobre um paciente internado sob suspeita de contaminação por uma variante da doença conhecida como o mal da vaca louca. Ele está internado no Hospital Beneficência Portuguesa, em Campinas, interior paulista. Até o resultado do exame, o hospital informou que não vai se pronunciar sobre o caso. A família pediu que fosse tratado com sigilo, já que o paciente é médico da própria instituição.
O hospital descartou de forma preliminar que ele esteja com o mal da vaca louca. A hipótese considerada mais provável é de que o paciente esteja com uma forma clássica e esporádica da chamada doença de creutzfeldt-jakob. Frigoríficos e entidades do setor de carne bovina descartaram qualquer caso de mal da vaca louca no Brasil.