O coordenador da câmara do leite da Organização das Cooperativas Brasileira (OCB), Vicente Nogueira, disse que a proposta dos argentinos é inaceitável, pois prejudica o setor lácteo brasileiro, principalmente a agricultura familiar. Nogueira afirmou que produtores e indústrias argentinos se comprometeram a enviar uma nova proposta por escrito, no prazo de uma semana.
O acordo firmado entre os setores privados dos dois países no ano passado, com o aval dos governos, expirou em abril deste ano. O pacto limitava as importações a 3,3 mil toneladas de leite em pó por mês. Como não existe acordo, os argentinos exportaram para o Brasil de janeiro a agosto deste ano 32 mil toneladas de leite em pó, que correspondem a média de quatro mil toneladas por mês.
No caso do queijo, as exportações argentinas para o Brasil saltaram de 340 toneladas por mês para 1,6 mil toneladas por mês. O setor privado brasileiro propôs na reunião de desta quarta uma cota de 600 toneladas por mês para a entrada de queijo argentino, que também não foi aceita.
Rodrigo Sant’Anna Alvim, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA), disse que as entidades representativas das indústrias de queijo dos dois países devem se reunir para discutir as cotas.
Segundo Vicente Nogueira, da OCB, se não houver acordo entre o setor privado dos dois países os produtores brasileiros vão recorrer ao governo para que sejam aplicados mecanismos de defesa comercial, a exemplo do aumento da taxação de veículos não fabricados no Brasil. Ele diz que o setor lácteo tem uma importância social muito maior que as montadoras, pois envolve 1,3 milhão de propriedades rurais e emprega quatro milhões de pessoas, sem contar as atividades antes e depois da porteira.