Brasil deve abrir processo contra União Europeia na Organização Mundial do Comércio

País alega que carne bovina sofre restrição para entrar no mercado europeu há quatro anosO Brasil vai abrir um processo contra a União Europeia (UE) na Organização Mundial do Comércio. A alegação é de que, há quatro anos, a carne bovina brasileira sofre restrição para entrar no mercado europeu.

O governo já havia sinalizado o apoio para que o setor privado questionasse a União Europeia na OMC. Caberá à Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) arcar com os custos. A Abiec agora procura um escritório de advocacia para representar o setor e formalizar o processo em Genebra na Suíça. A previsão é de que a ação tenha início no ano que vem.

? A UE era o principal mercado para carne bovina brasileira até 2007. Baseada em pressão de produtores locais, a UE adotou uma medida que nos consideramos protecionista, exigida somente do Brasil, que é a certificação individual de propriedades. A consequência disso é que as nossas exportações como um todo caíram 85% e a UE deixou de ser o principal destino da exportação de carne bovina brasileira ? relata o secretário de relações internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto.

O setor também vai questionar as dificuldades para que o Brasil venda dentro da cota Hilton, estipulada pelos europeus em 10 mil toneladas de carne por ano. No ano passado, o país só pode vender 8% do limite estabelecido para a cota de carnes de alta qualidade.

O diretor executivo da Abiec, Fernando Sampaio afirma que essa é uma decisão conjunta do governo e da cadeia produtiva. Segundo ele, a União Europeia não faz estas exigências para outros exportadores, como Austrália e Estados Unidos.

? Eles tem definições diferentes para outros países. Na Austrália não tem nenhuma restrição à alimentação. Nos Estados Unidos pode entrar boi de confinamento e só precisa ser rastreado nos últimos cem dias. Existe uma discriminação de tratamento e essa é a base legal para o nosso caso na OMC ? disse Sampaio.

O dirigente da Abiec informou que foi feita uma análise prévia legal do caso e que existe uma base para a reclamação. A entidade também vai questionar as regras do Sisbov, que precisam ser cumpridas por propriedades que exportam ao bloco e do qual fazem parte apenas 2006 fazendas.

As exportações de carnes registraram US$ 2,2 bilhões 2010. Do total das vendas externas realizadas no ano passado, 26,7% tiveram como destino os países da União Europeia.