Brasil está próximo de assumir Lista Traces, diz presidente da Abiec

Relação determina estabelecimentos credenciados a exportar carne bovina à União EuropeiaO Brasil deve retomar a responsabilidade de elaborar as listas primárias de estabelecimentos credenciados a exportar carne bovina à União Europeia, chamadas de Traces. A expectativa é do presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Camardelli, que acrescenta que as empresas seriam posteriormente auditadas por técnicos europeus.

Segundo Camardelli, nas últimas reuniões, as autoridades da região deram o aval para que o processo seja novamente liderado pelo Brasil. Entretanto, ainda falta a publicação da flexibilização das regras, de acordo com os novos parâmetros a serem estabelecidos pela União Europeia. O coordenador de Sistemas de Rastreabilidade do Ministério da Agricultura, José Luis Vargas, afirma que a partir desta quarta, dia 18, o órgão deve assumir a elaboração da lista. Uma missão da região deve vir ao país em março para discutir o assunto.

– Até janeiro de 2008, quando uma nova versão do Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov) começou, tínhamos 26 mil propriedades credenciadas, com um rebanho de 26 milhões de cabeças. Hoje, são duas mil propriedades, com 4,3 milhões de cabeças – informa o presidente da Abiec.

Para 2012, a entidade aguarda um número mais “palatável” de estabelecimentos credenciados, com consequente aumento da oferta de animais. Conforme Camardelli, o Brasil havia divulgado a intenção de abrir um painel na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a União Europeia, em função da Lista Trace. Entretanto, caso o país realmente reassuma a responsabilidade, poderá desistir da ação.

 – Depois que o governo sinalizou que poderia ir à OMC contra a região, eles resolveram negociar. E parece que as negociações estão caminhando – afirma.

Hilton* ainda é impasse

Mas enquanto a UE sinaliza para uma flexibilização da regra de estabelecimentos credenciados e da rastreabilidade bovina, ainda restam questões envolvendo a cota Hilton.

– Tudo leva a crer que as negociações para a flexibilização das regras de rastreabilidade e credenciamentos de fazendas pode fazer com que a Abiec e o governo brasileiro desistam do painel. Mas por conta da cota Hilton ainda poderia haver – ressalta.

O diretor executivo da Abiec, Fernando Sampaio, explica que a entidade quer uma mudança na definição do programa.

– Somente para o Brasil eles determinam que a carne que é incluída na cota tem que vir de animais que se alimentam de pasto, enquanto para Estados Unidos e Austrália, por exemplo, a terminação dos animais pode ser feita em confinamento – aponta.

O Brasil possui um volume de 10 mil toneladas de cota Hilton oferecida pela União Europeia, mas não consegue realizar a totalidade dos embarques por conta dessas exigências. 

Em 2011, a União Europeia comprou 109,49 mil toneladas de carne bovina brasileira, queda de 10,08% ante 2010, quando os embarques totalizaram 121,76 mil toneladas, parte influenciada pelo agravamento da crise. Em receita, porém, houve alta de 21,82%, para US$ 836,38 milhões, devido ao aumento de 35,47% dos preços médios pagos pela região, de US$ 7,63 mil por tonelada. O preço é o maior de toda a série histórica da Abiec, que se inicia em 1996.

– O aumento do valor pago por eles é reflexo do mix de cortes vendidos e também a uma menor oferta disponível, por conta da diminuição dos estabelecimentos credenciados. Mas prevaleceu a qualidade de nosso produto – diz Camardelli.

*A cota Hilton é constituída de cortes especiais do quarto traseiro, de novilhos precoces, e seu preço no mercado internacional geralmente é mais alto do que a carne em geral.

Ela é fixa, de 65,25 mil toneladas, e anual. Têm acesso os países credenciados, que são Argentina, Austrália, Brasil, Uruguai, Nova Zelândia, Estados Unidos e Canadá e Paraguai. A taxa de importação é de 20%. A tarifa extra cota é de 12,8% mais 303,4 euros por cem quilos de carne. A cota brasileira é de 10 mil toneladas anuais. (Fonte: Abiec).