Segundo Camardelli, nas últimas reuniões, as autoridades da região deram o aval para que o processo seja novamente liderado pelo Brasil. Entretanto, ainda falta a publicação da flexibilização das regras, de acordo com os novos parâmetros a serem estabelecidos pela União Europeia. O coordenador de Sistemas de Rastreabilidade do Ministério da Agricultura, José Luis Vargas, afirma que a partir desta quarta, dia 18, o órgão deve assumir a elaboração da lista. Uma missão da região deve vir ao país em março para discutir o assunto.
– Até janeiro de 2008, quando uma nova versão do Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov) começou, tínhamos 26 mil propriedades credenciadas, com um rebanho de 26 milhões de cabeças. Hoje, são duas mil propriedades, com 4,3 milhões de cabeças – informa o presidente da Abiec.
Para 2012, a entidade aguarda um número mais “palatável” de estabelecimentos credenciados, com consequente aumento da oferta de animais. Conforme Camardelli, o Brasil havia divulgado a intenção de abrir um painel na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a União Europeia, em função da Lista Trace. Entretanto, caso o país realmente reassuma a responsabilidade, poderá desistir da ação.
– Depois que o governo sinalizou que poderia ir à OMC contra a região, eles resolveram negociar. E parece que as negociações estão caminhando – afirma.
Hilton* ainda é impasse
Mas enquanto a UE sinaliza para uma flexibilização da regra de estabelecimentos credenciados e da rastreabilidade bovina, ainda restam questões envolvendo a cota Hilton.
– Tudo leva a crer que as negociações para a flexibilização das regras de rastreabilidade e credenciamentos de fazendas pode fazer com que a Abiec e o governo brasileiro desistam do painel. Mas por conta da cota Hilton ainda poderia haver – ressalta.
O diretor executivo da Abiec, Fernando Sampaio, explica que a entidade quer uma mudança na definição do programa.
– Somente para o Brasil eles determinam que a carne que é incluída na cota tem que vir de animais que se alimentam de pasto, enquanto para Estados Unidos e Austrália, por exemplo, a terminação dos animais pode ser feita em confinamento – aponta.
O Brasil possui um volume de 10 mil toneladas de cota Hilton oferecida pela União Europeia, mas não consegue realizar a totalidade dos embarques por conta dessas exigências.
Em 2011, a União Europeia comprou 109,49 mil toneladas de carne bovina brasileira, queda de 10,08% ante 2010, quando os embarques totalizaram 121,76 mil toneladas, parte influenciada pelo agravamento da crise. Em receita, porém, houve alta de 21,82%, para US$ 836,38 milhões, devido ao aumento de 35,47% dos preços médios pagos pela região, de US$ 7,63 mil por tonelada. O preço é o maior de toda a série histórica da Abiec, que se inicia em 1996.
– O aumento do valor pago por eles é reflexo do mix de cortes vendidos e também a uma menor oferta disponível, por conta da diminuição dos estabelecimentos credenciados. Mas prevaleceu a qualidade de nosso produto – diz Camardelli.
*A cota Hilton é constituída de cortes especiais do quarto traseiro, de novilhos precoces, e seu preço no mercado internacional geralmente é mais alto do que a carne em geral.
Ela é fixa, de 65,25 mil toneladas, e anual. Têm acesso os países credenciados, que são Argentina, Austrália, Brasil, Uruguai, Nova Zelândia, Estados Unidos e Canadá e Paraguai. A taxa de importação é de 20%. A tarifa extra cota é de 12,8% mais 303,4 euros por cem quilos de carne. A cota brasileira é de 10 mil toneladas anuais. (Fonte: Abiec).