De acordo com dados da Scot, o rebanho brasileiro é estimado em 215,2 milhões de cabeças e tem crescido a uma taxa de 5,72% ao ano desde 1961. Daquela época até 2011, o plantel aumentou 286%. Porém, a produtividade média por hectare segue baixa, sendo de 1,28 cabeça por hectare, com um índice de tecnologia de 0,97%.
Gustavo Aguiar, zootecnista da consultoria, diz que o pecuarista tem usado tecnologia para aumentar a produtividade por hectare, mas a falta de financiamento, tanto da iniciativa privada quanto por parte do governo, freia os investimentos na atividade.
– O Plano Agrícola e Pecuário 2011/2012 do governo federal prevê financiamento rural de R$ 107,2 bilhões. De julho de 2011 a janeiro de 2012, já foram usados R$ 65,1 bilhões do montante total, um pouco mais de 60%. O governo ainda oferece uma nova linha de financiamento, o Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC). O problema é que as linhas disponíveis, devido à burocracia e às regras para concessão, não chegam aos produtores e isso precisa ser facilitado – defendeu.
Abates e produção de carne
Ainda que insuficiente, a utilização da tecnologia na cadeia produtiva da pecuária é comprovada quando se analisa a taxa de crescimento de animais abatidos e da produção de carne. Dados da Scot, com base em informações da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), do Departamento da Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que, de 1961 até 2011, os abates no Brasil têm crescido à taxa de 9,5% ao ano (475% no acumulado do período), enquanto a produção de carne, 11,4% ao ano (571% no acumulado).
Alcides Torres, diretor da Scot, observou que o aumento dos abates em relação ao rebanho (desfrute) aumentou 48,8%. Já a produção de carne subiu por conta do aumento de 16,7% do peso médio da carcaça. Em 2011, o peso médio da carcaça ficou em 221,8 quilos ou 14,8 arrobas, enquanto a taxa de desfrute foi de 19,2%.
Torres afirmou que há espaço para o Brasil avançar na sua taxa de desfrute, pequena comparada à de outros países. Nos Estados Unidos, o desfrute é de 38%; na Austrália, de 30,9%.
– Ambos os países possuem uma taxa maior porque utilizam mais o confinamento, que é realizado desde a desmama. Não dá para chegar nesses níveis, porque engordar o boi no pasto é mais barato – disse o analista.
Entretanto, ele acredita que, se o peso da carcaça subir e a taxa de desfrute chegar aos níveis do porcentual da Austrália, a produção de carne brasileira aumentará substancialmente.
– O que falta para o Brasil chegar a esse ponto? O setor precisa de incentivos para a comercialização do produto tanto no mercado interno quanto nas exportações – defendeu.