O programa Pecuári@TV, do Canal Rural, apurou que nos próximos dias os embriões que chegaram ao país em dezembro serão submetidos a exames finais contra doenças que possam ser desconhecidas aqui no Brasil. Desde que chegaram eles estão sendo analisados em um laboratório do governo federal em Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, e até o fim de fevereiro já devem ser liberados e levados para uma fazenda federal em Cananéia, litoral de São Paulo. Lá serão implantados em receptoras, que ficarão em quarentena.
A importação de bovinos da Índia está proibida pelo governo brasileiro desde 1964. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) teme o ingresso de doenças exóticas, que possam comprometer a qualidade e sanidade do rebanho nacional. Por parte da Índia, há o impedimento do comércio por questões religiosas, já que esses animais são sagrados para os adeptos do hinduísmo, crença predominante naquele país. Desde então, várias tentativas de reabertura das importações foram realizadas sem sucesso.
Com a evolução tecnológica que viabiliza a importação de embriões com risco desprezível de ingresso de doenças no país, em 1998 reiniciaram-se as negociações com o intuito de regular o comércio de embriões de bovinos da Índia. A iniciativa privada pleiteava a importação de embriões zebuínos alegando a necessidade de aumentar a variabilidade (quebra de consaguinidade) para o cruzamento dos animais e, com isso, obter o melhoramento genético do rebanho brasileiro.
Mas só em 2005, depois da criação de um grupo técnico coordenado, foi publicada a Instrução Normativa nº 7/2005, que aprovou a abertura da importação de embriões da Índia. Para isso, uma missão técnica da SDA, com representantes da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e de entidades privadas, foi à Índia para conhecer e inspecionar os centros de coleta e processamento de embriões de bovinos.
No Brasil predominam as raças bovinas de origem indiana. A adaptação às condições naturais do país, especialmente no bioma cerrado, onde está a maior parte do rebanho brasileiro, proporcionou qualidade e produtividade à bovinocultura. Além de abastecer o mercado interno, o Brasil é hoje o maior exportador de carne bovina do mundo.
? O valor genético das raças zebuínas é facilmente verificado no Brasil, dada a predominância que essas raças representam no rebanho nacional. O trinômio cerrado, capim africano e gado indiano é característica do sucesso da pecuária brasileira ? explica o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz.